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Mário Machado sai em liberdade. Diz-se "preso político" e anuncia saída das redes

12 nov, 2021 - 11:01 • Lusa

O nacionalista Mário Machado considerou esta sexta-feira ser um "preso político" e anunciou a sua retirada das redes sociais, apontando críticas ao Estado e ao Ministério Público depois de sair em liberdade do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa.

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O antigo dirigente de extrema-direita Mário Machado saiu esta sexta-feira em liberdade do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, tendo como medida de coação a obrigação de apresentações quinzenais às autoridades do seu local de residência.

Segundo adiantou aos jornalistas à saída do tribunal o advogado do nacionalista, José Manuel Castro, o único crime pelo qual Mário Machado está indiciado pelo Ministério Público é a posse ilegal de arma.

Depois de sair em liberdade do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, Mário Machado considerou ser um "preso político" e anunciou a sua retirada das redes sociais, apontando críticas ao Estado e ao Ministério Público

O antigo líder do movimento Nova Ordem Social defendeu, em declarações a jornalistas, que a apresentação quinzenal às autoridades como única medida de coação decretada pelo juiz de instrução, depois de três dias detido por posse de arma ilegal, é uma "vitória" pessoal, mas, simultaneamente, "uma derrota para a democracia", vincando estar a ser limitada a sua liberdade de expressão.

"O Ministério Público manteve-me preso durante três dias, queria que eu ficasse preso durante oito anos por alegadamente ter escrito um texto na internet. Nunca em democracia se viu uma coisa destas. É um autêntico absurdo. Continuo a ser um preso político. A magistratura, infelizmente, continua a ter uma forte influência do governo socialista e marxista que governa o país, portanto, não estão reunidas as condições para eu continuar a minha vida política ativa no seio nacionalista", afirmou.

"Vou deixar de ter redes sociais porque o Estado português assim o quer"

Mário Machado reforçou ainda não estar disponível para abdicar da liberdade junto da sua família por publicações feitas na Internet.

"Espero que os meus camaradas compreendam isso, portanto, a partir de hoje vou-me retirar, vou deixar de ter redes sociais porque o Estado português assim o quer. Não estou para abdicar de oito anos de liberdade", explicou.

Sobre a publicação na Internet que esteve na origem deste caso, o ex-dirigente de várias organizações de extrema-direita considerou "vergonhoso" e questionou a orientação do Ministério Público (MP).

"O que o MP alega é que, quando um assassino de um adolescente no Algarve estava em fuga, a Nova Ordem Social escreveu um texto - que nem sequer me pode ser imputado, porque eram 12 as pessoas que podiam ter acesso a esse site - em que dizia que esse assassino devia ser entregue às autoridades, o que aconteceu apenas dois anos mais tarde e foi condenado a 16 anos de prisão. Se em democracia não podemos pedir que os assassinos sejam entregues à polícia, então não sei o que poderemos dizer", disse, antes de terminar com a saudação nazi.

Mário Machado foi detido na terça-feira em flagrante delito, em casa, por posse ilegal de arma, disse à agência Lusa fonte policial.

A mesma fonte acrescentou que a detenção aconteceu durante uma busca realizada à casa de Mário Machado, em Santo António dos Cavaleiros (Loures), no âmbito de uma investigação da Polícia Judiciária por suspeitas de crimes de ódio e incitamento à violência através de comentários feitos na internet.

Mário Machado, 44 anos, esteve ligado a diversas organizações de extrema-direita, como o Movimento de Ação Nacional, a Irmandade Ariana e o Portugal Hammerskins, a ramificação portuguesa da Hammerskin Nation, um dos principais grupos neonazis e supremacistas brancos dos Estados Unidos da América. Fundou também os movimentos Frente Nacional e Nova Ordem Social (NOS), que liderou de 2014 até 2019.

O nacionalista tem também um registo criminal marcado por várias condenações, entre as quais a sentença, em 1997, a quatro anos e três meses de prisão pelo envolvimento na morte, por um grupo de "skinheads", do português de origem cabo-verdiana Alcino Monteiro na noite de 10 de junho de 1995.

Tem ainda uma outra condenação de 10 anos, fixada em 2012 por cúmulo jurídico na sequência de condenações a prisão efetiva em três processos, que incluíam os crimes de discriminação racial, ofensa à integridade física qualificada, difamação, ameaça e coação a uma procuradora da República e posse de arma de fogo.

[Notícia atualizada às 11h45 com declarações de Mário Machado]

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