17 nov, 2021 - 11:13 • João Cunha
Pouco depois das 8h00 as 70 macas do serviço de urgência do Hospital de Vila Franca de Xira já estavam totalmente ocupadas por doentes ali levados pelos bombeiros da região.
A partir dessa hora, e segundo alguns funcionários daquele hospital, os doentes que ali cheguem de maca dos bombeiros obrigam a que estes esperem que a mesma lhes seja devolvida, o que só acontece à medida que os doentes nas urgências forem triados e encaminhados para outros serviços. Enquanto a maca não for devolvida, a ambulância não pode circular.
A situação presenciada pela Renascença confirma as queixas feitas na terça-feira pelos bombeiros locais, que escreveram uma carta aberta sobre o assunto.
"A semana passada tive uma ambulância que deixou lá uma maca pelas 13h30, e foi buscá-la às 18h30. Há dois dias o INEM esteve três horas à espera de uma maca. E estive quase 40 minutos para levar um doente à triagem. É assim que o Hospital está a funcionar", diz Elviro Passarinho, o comandante dos Bombeiros de Vila Franca de Xira, que ainda assim diz ter sorte, devido à proximidade do Hospital.
Chegou a mandar regressar o pessoal de serviço à ambulância, deixando a maca que mais tarde era entregue – mas libertando o pessoal. "Não é bom nem é operacional, um serviço desses", desabafa.
Segundo alguns funcionários do Hospital, a situação não é de agora. Já quando aquela unidade era gerida por uma entidade privada, havia picos de afluência que provocavam o mesmo problema, mas a situação era rapidamente resolvida, garante Elviro Passarinho.
"Eu cheguei a ver camiões a descarregar macas em alturas mais difíceis. Macas que vinham do hospital de Cascais e de outros hospitais. Agora, há falta de macas", diz.
A situação agravou-se com a passagem, há seis meses, para gestão pública. Desde então, aumentou o número de doentes a serem encaminhados para este hospital. Com o inverno, a gripe junta-se ao aumento de casos de Covid dos últimos dias, e a situação vai piorar, espera o comandante.
"É o que se espera. Daqui para a frente, com a gripe, a situação vai piorar. Juntar a gripe à Covid vai ser pior ainda", sublinha Elviro Passarinho.
Ouvido pela Renascença, o presidente do Conselho de Administração do Hospital nega que haja falta de macas e que, esta manhã, já não existisse nenhuma livre.
"Havia macas disponíveis. Não havia muitas, mas havia macas
disponíveis, até porque durante este verão o atual Conselho de Administração do
Hospital de Vila Franca de Xira entendeu que devia reforçar o número de macas", diz Carlos Andrade Costa.
Andrade Costa estranha ainda a carta aberta escrita por 12 corporações de bombeiros, dado que nunca receberam "nenhum pedido de reunião, nenhuma situação de contacto direto".
[notícia atualizada às 15h57 com posição do hospital]