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Boticas dá o exemplo: 1.500 cabras e ovelhas previnem incêndios

19 nov, 2021 - 11:58 • Lusa

Os animais pastam em zonas de risco, fazendo a gestão de combustíveis e a limpeza de matos. Um dos muitos projetos que pretende “transformar o Alto Tâmega".

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No concelho de Boticas, distrito de Vila Real, cerca de 1.500 cabras e ovelhas estão a contribuir para prevenir incêndios rurais, numa área de 100 hectares.

O projeto é da Cooperativa Agrícola de Boticas (CAPOLIB), no âmbito de uma candidatura ao programa "Cabras Sapadoras", que esta sexta-feira recebe a visita do secretário de Estado da Conservação da Natureza, das Florestas e do Ordenamento do Território.

De acordo com João Paulo Catarino, “as cabras foram durante muitos anos a forma de gerir combustíveis”, sendo “mais prática para controlar os matos", estando a ser apoiados pelo programa, em Portugal, cerca de 12.000 animais dispersos por 53 projetos.

No terreno os animais pastam em zonas de risco de incêndios, fazendo a gestão de combustíveis e a limpeza de matos, num projeto que está "alicerçado nas novas tecnologias", segundo o presidente da cooperativa, Albano Álvares.

Os rebanhos possuem um kit de georreferenciação para seguir em permanência os trajetos dos animais e, no terreno, as cercas são alimentadas por energia solar.

O financiamento, cerca de 50 mil euros, vai ser distribuído pelos pastores ao longo dos cinco anos de duração do projeto, estando no segundo ano de implementação.

"Os rebanhos estão a contribuir, aliás eles contribuíram toda a vida, mas depois com o abandono do mundo rural obviamente que cada vez vai havendo menos pastores. Mas se nós fizermos uma localização precisa dos locais onde há probabilidades de incêndio e se pusermos os animais a pastorear nesses territórios, obviamente que eles mitigam e muito os incêndios nesses locais", salientou o dirigente.

Cinco milhões para “transformar o Alto Tâmega”

A CAPOLIB tem outros projetos em curso que vai dar a conhecer ao membro do Governo.

De resto, o secretário de Estado considera a CAPOLIB "um ótimo exemplo de como se pode e deve aproveitar um conjunto de instrumentos financeiros que têm estado a ser disponibilizados direta ou indiretamente pelo Ministério do Ambiente", como o Fundo Florestal Permanente, o Fundo Ambiental, o Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR) e o Programa de Desenvolvimento Rural (PDR).

"Esta cooperativa tem praticamente à volta de cinco milhões de euros de investimento em curso. Estamos a falar de taxas de comparticipação entre os 85% e os 100% para projetos como as 'Cabras Sapadoras', faixas de gestão de combustível, arborizações e rearborizações e condomínios de aldeia”, tudo “para ajudar a defender as edificações dos incêndios florestais", esclarece João Paulo Catarino.

São "apoios muito significativos" e que "transformam o Alto Tâmega", sublinha, no dia em que vai também observar o trabalho que está a ser feito no âmbito do agrupamento de baldios, a nível da plantação, limpeza, ordenamento e de gestão florestal.

"Estamos a ultimar um aviso que sairá nos próximos dias para 25 milhões de euros para intervenções apoiadas a 100% em áreas comunitárias e perímetros florestais", aproveitou para anunciar o governante.

Esta verba, financiada pelo REACT-EU, o mecanismo de emergência de Assistência à Recuperação para a Coesão e os Territórios da Europa, criado para responder à crise provocada pela pandemia, destina-se a reflorestação de áreas ardidas, arborizações de áreas baldias e instalações de pastagens melhoradas onde existirem rebanhos comunitários ou privados.

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