Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Alentejo, o próximo “Silicon Valley”? Parque da Ciência e Tecnologia quer mais empresas inovadoras

24 nov, 2021 - 18:56 • Rosário Silva

O Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia (PACT) está a ampliar as suas instalações e aposta em áreas de desenvolvimento como a aeronáutica ou a saúde digital. Mas só a vontade, não chega. São precisas medidas concretas para ajudar a combater a interioridade, defende o presidente do PACT.

A+ / A-

O presidente executivo do Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia (PACT) acredita que com “mais envolvimento político e estratégico”, o Alentejo “tem boas condições para se transformar no novo “Silicon Valley””.

Declarações de Soumodip Sarkar, a poucos dias do PACT, em Évora, dar mais um importante passo no seu desenvolvimento, com a o arranque oficial das obras de ampliação das suas instalações, com a finalidade de atrair mais empresas inovadoras.

Com o apoio dos fundos comunitários, as obras deste projeto de “quase nove milhões de euros” já começaram, mas o lançamento da primeira pedra só acontece a 13 de dezembro, numa cerimónia há muito esperada e que marca o arranque de uma importante fase para o desenvolvimento do Alentejo.

“Vamos fazer o lançamento de quatro novos edifícios. Estamos a falar de mais 6100 metros quadrados de área, e mais dois ou três anos de trabalho para tentarmos atrair novas empresas para o Alentejo”, diz à Renascença, Soumodip Sarkar, presidente executivo do PACT.

Com capacidade para 60 novas empresas, o investimento acaba por dividir-se em “dois projetos diferentes”, um dos quais já em curso, “reservado para uma empresa” e que deverá estar concluído em maio de 2022.

Quanto aos outros “três edifícios”, o também vice-reitor da Universidade de Évora (UÉ) espera que “todo o processo se inicie em janeiro de 2022”, para que tudo esteja concluído em maio do ano seguinte, 2023.

Esta segunda fase do PACT conta com a assinatura do conhecido arquiteto Carrilho da Graça, “para marcar a diferença e tornar o espaço muito mais atrativo”, argumenta o responsável.

Alentejo, a Califórnia de Portugal

Soumodip Sarkar garante que “há muitas empresas de Lisboa que procuram o interior para trabalhar”, porém “não encontram condições”, nomeadamente em termos de transportes, para efetivar a deslocalização dos seus trabalhadores.

“O custo de vida é mais barato e a qualidade de vida muito superior”, lembra o professor, mas “são necessários mais comboios e mais rápidos”, exemplifica.

A expansão do parque é mais um passo para “fixar os jovens, que terminando o secundário querem ir estudar para Lisboa”, menciona o vice-reitor da UÉ.

“Há que inverter esta situação”, por isso “precisamos de empresas atrativas para fixar os jovens e não só”, uma vez que o Alentejo tem muito para oferecer, não se “podendo ficar apenas com a ideia de que a região é um belo sitio para passear e onde se come bem”, alude.

Há mais de 20 anos que Soumodip Sarkar trabalha para evidenciar as capacidades desta região. Apesar de reconhecer algumas mudanças, com o contributo da “universidade eborense e dos politécnicos”, confessa que “gostava de uma evolução mais rápida”.

O presidente do PACT adianta que “as entidades regionais têm feito um grande esforço”, mas não é acompanhado por um “envolvimento político e estratégico”, pedindo, por isso, “medidas concretas para apoiar empresas, universidade e politécnicos”, tendo em conta que “o Alentejo é um terço do país e há ainda muito potencial para explorar”.

Estas e outras preocupações tinham já sido manifestadas, em maio deste ano, quando Soumodip Sarkar endereçou a António Costa, uma carta a pedir a instalação, no Alentejo, da estrutura europeia permanente para o empreendedorismo, anunciada para Lisboa pelo primeiro-ministro e lançada, recentemente, na Web Summit.

Mais de uma centena de académicos, empresários, políticos e dirigentes da administração pública subscreveram o documento onde o vice-reitor da UÉ declarava acreditar que o Alentejo "tem todas as condições para ser o próximo “Silicon Valley”, manifestando-se "crente do potencial" da região e "confiante no trabalho" desenvolvido "nos últimos anos pelos vários agentes".

Apesar de não ter o retorno esperado, o presidente executivo do PACT não esmorece e diz continuar “a acreditar que temos boas condições para transformar a região no novo “Silicon Valley””.

Refira-se que o Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia iniciou a sua atividade em 2011, com o objetivo de criar e desenvolver empresas no Alentejo “promovendo a capacidade científica, incentivando a transferência de conhecimento para esta região” e tornando-se “um polo de atração para empresas inovadoras com resultados sustentáveis”.

Envolve mais de 30 parceiros do Alentejo, como a Universidade de Évora, os politécnicos de Beja, Portalegre e Santarém, empresas e muitas outras instituições da região.

O alargamento das instalações vai permitir desenvolver quatro áreas consideradas estratégicas: Aeronáutica, Saúde Digital, Indústria 4.0 e Tecnologias de Informação e Comunicação.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+