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Portugueses entre os europeus que se sentem com menos saúde física e mental

25 nov, 2021 - 07:08 • Ana Carrilho

Stress, ansiedade, cansaço e maior perceção das debilidades do sistema de saúde para responder às necessidades geradas por uma pandemia. Estes são alguns dos sentimentos revelados pelos cerca de 600 portugueses que participaram no inquérito europeu realizado pela Merck em dez países. Mas a pandemia também revelou alguns aspetos positivos para os portugueses: a solidariedade e a resiliência aumentaram.

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Os problemas psicológicos e físicos que os portugueses sentem como resultado da pandemia colocam Portugal no fundo da tabela deste inquérito realizado pela consultora Merck em dez países da Europa.

Só 38% dos portugueses afirmaram que se sentem muito bem ou bem, emocionalmente … contra 45% dos europeus. 62% “vai indo” ou sente-se mal. O stress e a ansiedade atingem quase metade dos participantes nacionais; o medo e a incerteza, 38%. Quase um quarto queixa-se do isolamento e 20% afirmou ter recorrido a medicação para a ansiedade e depressão ou a apoio psicológico. Só um quarto assume não ter sido afetado psicologicamente pela pandemia. Valores acima da média europeia.

Sobre o estado físico, Portugal aparece em último lugar: só 42% afirmou estar muito bem ou bem, contra 54% a nível europeu. A maior parte, 58%, “vai indo” ou não está bem.

Os problemas psicológicos e o não conseguir conciliar o apoio à família com as obrigações laborais foram os problemas com maior menção pela totalidade dos inquiridos.

A possibilidade de surgirem novas pandemias, a redução da quantidade e qualidade de vida social e o declínio da qualidade dos serviços públicos de saúde são as outras preocupações referidas.

Por cá, três quartos dos inquiridos defende que é necessário maior investimento na medicina preventiva e na saúde pública (bem acima dos 56% de média europeia), apostar na saúde mental (57% contra 41%) e nos cuidados de saúde primários (59% dos portugueses contra 43% da média europeia).

O inquérito revelou ainda que cerca de três em cada mulheres portuguesas com menos de 44 anos adiaram a maternidade por causa da pandemia. E 22% considerou fazer tratamentos de fertilidade nesse período, especialmente na faixa etária de mais de 45 anos.

Nem tudo é mau

A vida social reduziu-se para seis em cada dez europeus, mas atingiu apenas dois em 10 portugueses.

A pandemia acabou por ser uma oportunidade para a adoção de boas práticas: cerca de um quinto melhorou a dieta e o exercício físico; um quarto reduziu o consumo de álcool e drogas.

Por outro lado, para quase metade dos inquiridos nacionais, a solidariedade e a resiliência aumentaram com a pandemia, valores muito acima dos referenciados pelos europeus, a nível global.

O inquérito revela ainda que no último ano, 40% dos participantes fez uma consulta pelo menos uma ou duas vezes, especialmente as mulheres. Mais de metade das consultas foram para cuidados primários ou especialidades.

Depois da pandemia, a maior parte das pessoas continua a preferir as consultas presenciais, exceto os jovens, que aderem cada vez mais aos meios tecnológicos. Ainda assim, dois terços dos inquiridos dizem sentir-se “cada vez mais confortáveis” com as teleconsultas. Entre os portugueses, essa percentagem é mais elevada (72,5%).

Quatro em cada cinco participantes no inquérito admite que antes de ir à consulta procura informação on-line, tendo em conta os sintomas. E os portugueses não fogem à regra. Os tópicos mais procurados prendem-se com o vírus de Covid-19, seguido dos relacionados com a ansiedade, depressão e insónias.

A discussão dos temas de saúde aumentou por causa da pandemia e ainda mais, entre os jovens e nos países mediterrânicos. Neste ponto, Portugal surge em 3º lugar, atrás da Itália e Espanha.

O inquérito da Merck quis também averiguar a perceção dos europeus em relação aos profissionais envolvidos no combate à pandemia. A cotação foi em geral muito elevada, especialmente para os cientistas, investigadores, profissionais de saúde e farmacêuticos. As classificações mais altas chegaram de Espanha e Portugal.

Ficha Técnica. O inquérito foi realizado pela Merck junto de 6.000 pessoas com idades entre os 18 e os 65 anos, de dez países europeus (Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Itália, Portugal, Reino Unido, República Checa e Suíça), através da abordagem CAWI (entrevistas pela internet). Decorreu entre 31 de agosto e 8 de setembro de 2021. A amostra nacional tem 600 pessoas.

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