26 nov, 2021 - 00:38 • André Rodrigues
A Associação de Médicos de Saúde Pública reage com surpresa ao anúncio de uma semana de contenção no início do próximo ano.
Em declarações à Renascença, Gustavo Tato Borges critica a intensidade das medidas, mesmo num quadro de aumento do número de infeções por Covid-19.
"É uma medida de que não estava à espera e que terá sido pensada de uma forma demasiado intensa para a nossa população, a quem caberá demonstrar que não é preciso essa semana", diz este médico de Saúde Pública que insiste que as pessoas devem reduzir, desde já, os contactos sociais e adotar medidas de proteção, como o uso da máscara e a higienização das mãos, de modo a acautelar os convívios de Natal.
Questionado sobre a hipótese de serem adotadas medidas um pouco mais restritivas para o período festivo, ainda que menos intensas do que no ano passado, o vice-presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública reconhece que "os indicadores estão a aumentar, e sim, devemos estar alerta para fazer umas mudanças, mas a verdade é que não estamos numa situação tão danosa que nos obrigue a fechar e ainda temos uma janela de oportunidade para mudar esta realidade e para controlar a pandemia".
No entanto, diz, "parece que o Governo acredita que o Natal e a Passagem de Ano serão alturas de maior intensidade de transmissibilidade do vírus, o que fará com que precisemos de uma semana para minimizar o impacto de disseminar o vírus pelos nossos contactos sociais para além da nossa família".
Covid-19
Esta é uma das novas medidas anunciadas pelo prime(...)
Noutro plano, o vice-presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública comentou as regras para visitas a lares de idosos e de entrada em recintos desportivos, discotecas e bares.
A partir de 1 de dezembro, com o regresso do país ao estado de calamidade, o acesso a estruturas residenciais para idosos, a estádios de futebol e outros recintos desportivos sem lugares marcados e, ainda, a estabelecimentos de diversão noturna, só será possível mediante a apresentação de certificado digital cumulativamente com uma prova de teste negativo.
Confrontado com esta determinação do Governo, Gustavo Tato Borges diz ser "muito complicado limitar a liberdade daqueles que não estão vacinados, por opção, e apresentem um teste negativo... legalmente, não sei como é que o Governo poderá impedir o acesso de pessoas não vacinadas a esses eventos".
Para o médico, o racional do Governo "seria fazer dupla certificação", porque, segundo diz, "quis-se reforçar que quem esteja vacinado tem de apresentar um teste negativo para aceder a visitas hospitalares, aos lares, aos estádios de futebol e outros eventos sem lugares marcados precisa de ter certificado digital válido e teste negativo à Covid, mas, na prática, isso não vai acontecer. Quem tiver um teste negativo, entra".