15 dez, 2021 - 08:37 • Marta Grosso Filipa Ribeiro
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Mais de 30 mil crianças entre 10 e 11 anos estão inscritas para levar a vacina da Covid-19 no próximo fim de semana. Até lá, espera-se que o número venha a subir, admite a responsável “task force” das Ciências Comportamentais.
“Tal como aconteceu com os adolescentes, eu não vou a futurizar que uma criança de repente apareça a dizer que não quer ser vacinada, a não ser que lá em casa também haja um ambiente bastante reticente em relação ao processo da vacinação”, diz Margarida Gaspar de Matos à Renascença.
A responsável admite que “os pais estão receosos em dar a vacina aos seus filhos”, mas considera a apreensão “natural”, tal como “tudo o que acontece aos filhos”.
Margarida Gaspar de Matos lembra que a vacina em causa, da Pfizer, foi recomendada, quer pela Agência Europeia do Medicamento (EMA) quer pela Direção-Geral da Saúde (DGS), pelo que “a questão não é tanto o risco das vacinas”.
“Do ponto de vista médico, as questões estão claras”, defende.
Nestas declarações à Renascença, a responsável pela “task force” criada para apoiar a tomada de decisão no contexto da pandemia lamenta a falta de tempo para a criação de um plano que ajude as escolas e os encarregados de educação a explicar de forma clara os benefícios da vacina.
“Devia ter havido uma comunicação direta com as crianças a partir da escola, mas estas coisas estão todas muito dificultadas, não só porque estamos um bocadinho a trabalhar com prazos muito curtos, como a escola também não está com uma ação a 100%”, diz a psicóloga.
“Posso dizer que teria sido útil uma campanha nas escolas no sentido de as crianças perceberem o que é a vacinação e porque é que pode ser útil para elas e para as outras pessoas à sua volta”, destaca.
O secretário de Estado Adjunto e da Saúde disse ai(...)
A coordenadora da “task force” das Ciências Comportamentais (também conhecida como “task force” da Comunicação) lembra ainda que as restrições dos últimos dois anos têm afetado a saúde mental dos mais jovens.
A “task force” das Ciências Comportamentais foi criada em março com a missão de “assegurar a recolha, síntese e produção de evidência científica na área das ciências comportamentais aplicadas a contextos de pandemia e a prestação de apoio direto à tomada de decisão e formulação de recomendações para políticas públicas”.
De acordo com a DGS, “o grupo tem, ainda, como objetivo formular recomendações para criação de um contexto social facilitador da comunicação e ação comportamental, bem como para uma eficaz comunicação de crise e comunicação de riscos de contágio por SARS-CoV-2, adaptadas a perfis sociodemográficos, geográficos e psicossociais específicos”.
Esta “task force” é liderada por Margarida Gaspar de Matos e “constituída por elementos da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa, Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica, SPMS – Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, Trinity Centre for Practice and Healthcare Innovation, Direção-Geral da Saúde, Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica.