16 dez, 2021 - 16:45 • Lusa
A Agência Europeia do Medicamento aprovou hoje a possibilidade de o medicamento para a covid-19 Paxlovid, da farmacêutica Pfizer, ser usado em tratamento de pessoas que não estão ventiladas e que estejam em risco de desenvolver doença grave.
A Agência salienta que o medicamento "ainda não tem autorização de uso na União Europeia"(UE), mas admite que "as autoridades nacionais poderão autorizar sobre a possibilidade de uso do medicamento antes da autorização de introdução no mercado, por exemplo, em situações de uso de emergência", de preferência "o mais cedo possível após o diagnóstico, até cinco dias depois do início dos sintomas".
Os dois princípios ativos do medicamento, disponíveis em comprimidos separados, têm que ser tomados em conjunto duas vezes por dia durante cinco dias.
A orientação baseia-se na análise de resultados provisórios de um estudo em pacientes não hospitalizados e não vacinados, com sintomas e, pelo menos, um problema de saúde subjacente que aumentava o risco de desenvolverem uma forma grave de covid-19.
Das 607 pessoas que tomaram Paxlovid, nenhuma morreu e seis foram hospitalizadas, enquanto dez pessoas do grupo de 612 que receberam um placebo morreram e 41 foram internadas.
Os efeitos secundários mais comuns durante o tratamento, que se manifestaram até 34 dias depois da última toma, foram alterações no paladar, diarreia e vómitos.
A Agência salienta que o medicamento não deve ser tomado por doentes com insuficiência renal ou hepática grave nem por grávidas, por mulheres que estão a tentar engravidar ou que estão a amamentar.
Ainda falta uma decisão final sobre uma autorização de uso oficial, com a agência a anunciar que começou na segunda-feira passada uma revisão mais completa do medicamento para avaliar em tempo real dados mais concretos sobre a sua qualidade, segurança e eficácia.
O medicamento bloqueia a atividade de uma enzima específica de que o coronavírus SARS-CoV-2 precisa para se replicar numa pessoa infetada.
A farmacêutica Pfizer alegou que o comprimido reduz em 89 por cento dos casos o risco de hospitalização ou morte em adultos, acrescentando que o medicamento será um "potente inibidor" da variante Ómicron do SARS-CoV-2.
A Agência Europeia do Medicamento aprovou também esta quinta-feira dois novos tratamentos para a covid-19, um dos quais usa anticorpos monoclonais, enquanto o outro é um imunossupressor já autorizado na União Europeia para o tratamento de inflamações.
O tratamento com anticorpos Xevudy, da farmacêutica britânica GlaxoSmithKline, "reduz consideravelmente" as hospitalizações de doentes em risco de covid-19 grave enquanto o medicamento Kineret, da sueca Sobi, ajuda a impedir "insuficiência respiratória grave".
O Xevudy destina-se a ser usado em "adultos e adolescentes que não precisam de oxigénio suplementar e que apresentam um risco acrescido de ter doença grave", indicou a agência.
Trata-se do terceiro tratamento de anticorpos monoclonais aprovado na União Europeia, que se vem juntar ao Regkirona e ao Ronapreve.
Os anticorpos são uma das bases do sistema imunitário humano e são produzidos pelo organismo na presença de um corpo estranho, como um vírus. No tratamento em causa, são sintéticos, reproduzidos artificialmente a partir de anticorpos naturais.
Quanto ao Kineret, está indicado também para adultos que não estejam ventilados e que estejam em risco de ter insuficiência respiratória. O fármaco impede a ação de um elemento químico implicado nos processos imunitários que provocam a inflamação.
[notícia atualizada às 18h18]