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Covid-19. Especialista defende "fortes limites à lotação" de discotecas e estádios na altura das festas

20 dez, 2021 - 18:52 • Hugo Monteiro , Inês Rocha

Mesmo não acreditando numa repetição, Miguel Prudêncio, do Instituto de Medicina Molecular, diz que este apertar de medidas faria sentido durante o "período crítico" das festas, para evitar um pico de casos em janeiro.

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O imunologista Miguel Prudêncio, do Instituto de Medicina Molecular, defende o encerramento ou uma forte limitação do acesso a espaços de diversão noturna e a eventos de grande concentração, como jogos de futebol, durante a época das festas.

“Nesta altura, em que os alunos das escolas secundárias e os universitários já estão de férias, em que há uma tendência para convívios mais alargados, porventura faria sentido, se não encerrar, pelo menos limitar fortemente o acesso, por exemplo, a espaços de diversão noturna”, diz o especialista à Renascença.

Prudêncio diz que tais medidas fariam sentido “durante um período de tempo crítico que é este”. “Não estou a advogar que isto se devesse prolongar durante um espaço de tempo muito alargado”, afirma.

O especialista sublinha não ser apologista de “medidas extremas” como confinamentos gerais e não advoga, “por exemplo, o encerramento de restaurantes, de cafés e de espaços comerciais”. No entanto, defende medidas “dirigidas àqueles cenários em que, pela quantidade de pessoas e pela sua proximidade, a probabilidade de contágio aumenta significativamente”.

A rápida subida do número de casos de Covid-19 está a motivar alertas de especialistas, que pedem medidas preventivas que evitem grandes concentrações de pessoas.

Nesta segunda-feira, a pneumologista Raquel Duarte avisou, na Renascença, que, se nada for feito para travar o ritmo de contágios, dentro de semanas vamos ter um forte impacto nos hospitais.

Já no fim-de-semana, André Peralta Santos, antigo diretor de serviços de Informação e Análise da DGS, defendeu que Portugal está a cometer os mesmos erros do Natal passado, ao adiar uma decisão sobre o reforço das medidas de combate à Covid-19 no contexto da nova variante, Ómicron.

Miguel Prudêncio não acredita que Portugal chegue ao ponto a que chegou em janeiro do ano passado . No entanto, alerta que há um risco efetivo de o número de doentes a requererem a hospitalização aumentar. “O número de infeções parece claro que vai aumentar. A tradução dessas infeções em casos graves de doença vai depender do grau de eficácia que as vacinas efetivamente tenham contra a variante Ómicron”, explica o investigador.

O especialista lembra que a dose de reforço da vacina contra a Covid-19 aumenta significativamente a proteção contra a doença grave causada pela variante Ómicron. No entanto, Portugal está atrasado na inoculação da terceira dose, face a outros países.

Portugal ganha em percentagem de população vacinada, mas perde nas doses de reforço

No Twitter, o médico André Peralta Santos, antigo diretor de serviços de Informação e Análise da DGS, comparou o caso português com dois países que adotaram novas medidas: Dinamarca e Reino Unido. Em termos de vacinação, o médico mostrou que, apesar de Portugal estar à frente a nível de percentagem de população inoculada, perde nas doses de reforço.


Já em termos de prevalência da Ómicron, o médico considerou que o Reino Unido e a Dinamarca “estão talvez 3-4 dias adiantados em relação a Portugal”. O especialista alertou que Portugal “muito provavelmente” terá uma explosão de casos “na próxima semana, 20 a 26 Dezembro”.

Vários países europeus já apertaram medidas

Na última semana, foram vários os países europeus a dar um passo atrás e a instaurar medidas mais apertadas antes do Natal, para conter a subida do número de casos da variante Ómicron.

Os Países Baixos entraram em confinamento no último domingo (dia 19) e durante todo o período do Natal. As lojas de comércio não essencial, bares e ginásios vão encerrar até meados de janeiro do próximo ano, pelo menos. Os restaurantes só podem trabalhar em take-away e os eventos desportivos não terão espectadores nas bancadas.

Na sexta-feira, também Dinamarca anunciou novas restrições à vida noturna e o encerramento de cinemas, teatros e salas de espetáculos, numa reação ao aumento recorde de novos casos da doença Covid-19 registado no país nórdico.

No mesmo dia, o Reino Unido deu um passo atrás nas medidas, reintroduzindo o uso obrigatório da máscara em locais públicos e voltando a recomendar o teletrabalho.

Dentro do Reino Unido, houve países a anunciar mais restrições. O primeiro-ministro irlandês, Micheál Martin, anunciou a instauração de um recolher obrigatório às 20h00 para os ‘pubs’, bares e restaurantes até ao final de janeiro, para combater a Ómicron.

O Governo espanhol tinha dito, no início do mês, que aguentaria a nova “investida do vírus” não sendo necessário aplicar medidas mais restritivas no Natal. Mas no domingo, numa comunicação ao país, o primeiro-ministro Pedro Sánchez alertou para um “risco real” de uma nova vaga de infeções e anunciou uma reunião de emergência com os presidentes das regiões espanholas, para discutir novas medidas restritivas.

Por seu turno, Alemanha e Áustria apertaram o controlo das fronteiras. Quem chegar à Áustria terá de apresentar um certificado de vacinação válido ou estar recuperado da Covid-19, caso contrário, terá de submeter-se a um período de isolamento que poderá ser interrompido com um teste PCR ao fim de cinco dias.

Já a Alemanha classificou França e Dinamarca como zonas de infeções de “alto risco” e começou a impor aos viajantes não vacinados procedentes desses países um período de quarentena.

Desde domingo, esta medida, que se aplica igualmente aos viajantes provenientes da Noruega, do Líbano e de Andorra, implica que as pessoas não vacinadas ou que não apresentem um comprovativo de recuperação da doença cumprirão uma quarentena, com a possibilidade de fazerem um teste no quinto dia.

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