21 dez, 2021 - 08:23 • Olímpia Mairos
O Natal chega com uma prenda para os flavienses. Abre esta terça-feira ao público o Museu das Termas Romanas, classificado pela comunidade científica como “um sítio raro em todo o Império Romano e absolutamente único na Península Ibérica”.
As Termas Medicinais Romanas, localizadas na margem direita do rio Tâmega, “são o mais importante complexo termal português, mas também um dos mais monumentais da Europa”, indica a autarquia.
O seu destaque é-lhe conferido pela “grandiosidade das estruturas, quer pela sua dimensão, quer pela qualidade arquitetónica e respetivo estado de conservação”.
Trata-se de um monumento que ficou "congelado no tempo", depois de um sismo que há cerca de 17 séculos provocou a derrocada do edifício das termas romanas na zona onde é hoje Chaves.
Foi descoberto em 2006, “por acaso”, quando a autarquia se preparava para construir um parque de estacionamento e, ao longo destes anos, foram efetuadas as escavações que revelaram duas grandes piscinas, mais sete de pequenas dimensões e ainda um complexo sistema hidráulico de abastecimento às estruturas e que ainda hoje funciona.
Após a construção do edifício que cobre o achado arqueológico foi detetado um problema de condensação, de humidade, do espaço, devido à nascente de água quente.
“A intervenção de musealização e resolução do problema técnico, resultante da condensação interior, permitiu encontrar uma solução técnica, com o apoio do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), tendo em vista a mitigação dos problemas decorrentes da existência de água a 73ºC no seu interior”, explica a autarquia.
Também foi possível concretizar um conjunto de trabalhos de conservação, restauro e musealização de todas as estruturas arqueológicas existentes, promovendo as condições necessárias para a reativação do sistema hidráulico de abastecimento de águas termais, condutas, tanques e piscinas.
A entrada no museu é gratuita e, lá dentro, o visitante tem a possibilidade de uma viagem por 2.000 anos da história, quer através das ruínas, de uma exposição de artefactos, bem como dos painéis explicativos, dos ecrãs e mesa tátil interativa que revelam também os vestígios da muralha seiscentista e as imagens da prospeção e, depois, da escavação que colocou a descoberto o achado arqueológico.
As Termas Medicinais Romanas de Chaves foram classificadas como Monumento Nacional, em dezembro de 2012, por se apresentarem “como o mais importante complexo termal português, de dimensões apenas comparáveis, em termos provinciais, às de Aquae Sulis (atual cidade de Bath, em Inglaterra)”, uma descoberta “da maior importância patrimonial”.
O achado ocasional que se revelou singular, é possivelmente uma das principais razões para a fundação de Aquae Flaviae na época romana. Os vestígios arqueológicos encontrados no local, em excelente estado de conservação, atestam precisamente a importância milenária da tradição termal de Chaves e de toda a região do Alto Tâmega.