29 dez, 2021 - 13:35 • Filipe d'Avillez , Susana Madureira Martins
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O Governo não vai anunciar novas medidas de contenção ou restrições por causa da pandemia antes da avaliação dos especialistas, que terá lugar no dia 5 de janeiro.
Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, esteve esta quarta-feira na conferência de imprensa do Conselho de Ministros e explicou que apesar dos números altos de novos casos, é preciso tempo para avaliar o que já foi aprovado no passado dia 23 de dezembro.
“Estamos neste momento numa altura em que precisamos de algum tempo para avaliar os efeitos das medidas de contenção aprovadas no Conselho de Ministros de 23 de Dezembro, por um lado, e por outro lado estamos também numa circunstância em que o que nos compete fundamentalmente é apelar a todos os portugueses e portuguesas para que mantenham a disciplina e a compreensão de que têm dado tantas provas, cumprindo todas as determinações aprovadas pelas autoridades, pelo Governo e pelas autoridades de saúde, designadamente nestes dias de fim de ano”, disse o ministro
“O apelo que deixo é que todos cumpramos o que está determinado para estes dias, para que as medidas de contenção possam produzir efeitos e consigamos ultrapassar mais esta fase de evolução da pandemia.”
Entre 30% a 40% da procura que os hospitais têm ti(...)
Sobre a vacinação de crianças, Santos Silva diz que a adesão das famílias tem sido boa e que os medos que foram manifestados quanto a efeitos negativos se revelaram infundados.
“Depois de um primeiro fim de semana em que a adesão das famílias foi bastante razoável, sobretudo tendo em conta as dúvidas sobre a vacinação dos mais novos, o que hoje sabemos é que eram completamente infundadas as dúvidas sobre eventuais efeitos negativos que a vacinação pudesse ter sobre os nossos filhos e netos. Não se verificam, e por isso hoje a confiança das famílias na vacinação pode ser muito maior, está bem consolidada e por isso esperamos que a vacinação dos mais novos progrida de forma a proteger também essa faixa etária dos efeitos negativos da pandemia.”
A vacinação continua a ser a melhor arma contra a Covid, insiste. “A vacina é a nossa melhor arma contra a pandemia, como demonstram os números relativos a hospitalizações e óbitos das idades mais avançadas, como mostram os números relativamente à população adulta e como mostram os números relativamente aos jovens e como é hoje claro se verificará também em relação às crianças.”
Por fim, Augusto Santos Silva explicou aos jornalistas que o Governo está a reforçar a linha SNS 24 tendo em conta o pico de procura. “O que temos a fazer e que estamos a fazer é reforçar as condições de eficácia e de funcionamento da linha SNS24, para que ela possa responder a esta procura muito grande e muito repentina que tem tido”, concluiu o ministro dos Negócios Estrangeiros.
Portugal atingiu na terça-feira um máximo de novos casos diários de covid-19 desde o início da pandemia, com 17.172, e a ministra da Saúde admitiu que na primeira semana de janeiro o país possa atingir os 37 mil novos casos diários de infeção com o coronavírus SARS-CoV-2.
Os serviços de urgência dos hospitais têm registado “procuras recorde” nos últimos dias, em grande parte casos não urgentes, devido à “falência” das outras respostas do sistema de saúde, disse esta quarta-feira à agência Lusa um responsável da associação de administradores hospitalares.
Na terça-feira, o Hospital Amadora-Sintra acusava a pressão da pandemia, mas não por causa do número de internados: as urgências estão cheias com pessoas que querem apenas fazer teste Covid.
“Neste momento, temos, por exemplo, um elevado número de utentes que recorrem aos serviços de urgência apenas com o intuito de fazer testes Covid, o que, obviamente, é um contrassenso, porque um hospital não é um laboratório, não é um posto de colheitas”, diz à Renascença Cláudio Alves, da direção clínica do Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca.
A ministra da Saúde, Marta Temido, confirmou que já foi necessário suspender “em alguns casos” a atividade assistencial não Covid-19, admitindo que tal possa voltar a ser necessário.
“Em alguns casos foi necessário suspender a atividade assistencial, não está fora de hipótese a necessidade de suspensão de outras linhas, mas neste momento estamos a tentar equilibrar o melhor possível todas as áreas”, disse Marta Temido, em declarações à agência Lusa no Ministério da Saúde, em Lisboa.
A procura das Áreas Dedicadas a Doentes Respiratórios (ADR) aumenta quase ao ritmo dos casos de Covid-19, uma situação que preocupa a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, que alerta para o "caos absoluto" nos centros de saúde.