30 dez, 2021 - 13:59 • Maria João Costa
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Respostas diferentes na Linha SNS24 e de outros serviços de saúde para situações iguais, em casos de contactos Covid-19, "não faz sentido" e "só gera confusão", afirma à Renascença o epidemiologista Henrique Barros.
Numa altura em que as autoridades de saúde analisam a possível redução do tempo de isolamento em casos de Covid-19, o presidente do Conselho Nacional de Saúde diz que há outras questões que devem ser tidas em conta na gestão da pandemia.
Henrique Barros recorre à experiência de muitos utentes que têm ligado para a Linha Saúde 24 ou para outras autoridades de saúde locais e explica: “Sabemos que duas pessoas que se infetam no mesmo local de trabalho, mas vivem em dois sítios diferentes, quando contactam com as estruturas de saúde, do seu local de residência vão ouvir informações distintas”.
É necessário que haja unidade nas respostas, diz Henrique Barros. “É fundamental que os profissionais de saúde ajudem, dentro de todas as suas possibilidades que em alguns aspetos são limitadas”, reconhece o epidemiologista.
Henrique Barros é categórico em dizer que “não faz sentido” respostas diferentes para casos iguais e que isso só gera “confusão”. “O médico ou o profissional de saúde pública, perante um caso em particular poderia ter que ajudar ou criar nuances, mas a regra geral tem de ser a mesma para toda a gente. E essas regras têm de estar explícitas e têm de ser iguais para toda a gente. Na mesma circunstância, a resposta tem de ser a mesma”.
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As regras variam consoante os casos e a zona do pa(...)
“Alterar o sistema de isolamento e os dias de quarentena há muito tempo que faz sentido”, afirma Henrique Barros. Em entrevista à Renascença, o presidente do Conselho Nacional de Saúde alerta, no entanto, para a importância de explicar muito bem as mudanças, para que não haja equívocos.
Numa altura em que a Direção-Geral da Saúde se prepara para anunciar a diminuição nos tempos de isolamento, e depois da Região Autónoma da Madeira já o ter feito, encurtando para cinco dias o período de isolamento, Henrique Barros refere que “os cinco dias é um número como outro qualquer, poderiam ser seis ou sete”.
Para o especialista em saúde pública e epidemiologista do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, o importante é “ser bem explicado e bem estratificado”.
Segundo as suas palavras, “não é igual ter uma infeção assintomática, detetada acidentalmente numa pesquisa de contatos, a ter uma infeção sintomática, a ter tido já uma infeção anterior”.
Também de acordo com Henrique Barros, “não é igual estar vacinado, e não estar vacinado”, por isso, o professor da Universidade do Porto avisa: “Tudo isto tem de ser bem explicado porque se não as pessoas vão imaginar que a partir de agora, aconteça o que acontecer, ao fim de 5 dias, podem vir para a rua simplesmente usando uma máscara”.
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Nesta entrevista à Renascença, e questionado sobre o avanço do número de contágios que esta quarta-feira atingiu o pico de 26 mil casos, Henrique Barros lembra que “estamos a viver o primeiro encontro com um novo agente e, portanto, esta história ainda não acabou. Se parece bastante plausível que estamos a caminhar para uma situação de endemia, nós ainda não sabemos o que vai acontecer”.
Sobre a política de imunização natural, Barros recorda que a vacinação alterou a forma como os contágios hoje se dão. “Temos de nos lembrar que não estamos na mesma situação que há um ano, em que não tínhamos vacinação”, diz o epidemiologista. A gravidade deve ser medida tendo em conta “sobretudo os internamentos e cuidados intensivos”, sublinha.
Para evitar enchentes nos hospitais, é preciso “desmedicalizar” os casos positivos de Covid-19. O repto é lançado pelo epidemiologista Henrique Barros. O professor da Faculdade de Medicina do Porto indica que a maior parte dos casos, não necessita de recorrer aos hospitais.
“Nós vamos ter, se me permite o termo, que “desmedicalizar” isto. As pessoas infetadas, a imensa maioria, vai ter um decurso da infeção tranquilo. Pode ficar na sua casa, sem problemas, atenta aos sintomas. Evita o contato com os outros, não vai andar na rua naturalmente, e não precisa de ir aos serviços de saúde”, indica Henrique Barros.
O especialista em saúde pública diz que é essencial as pessoas estarem “tranquilas”. “A maior parte das pessoas tem um decurso sem complicações”. Só assim, refere o clínico, “esta pressão brutal” sobre os hospitais irá desaparecer.