02 jan, 2022 - 19:01 • Cristina Nascimento
Quem chega ao terminal de partidas até não dá pelo cenário, mas no piso -1 da garagem percebe-se logo que não é um domingo normal no aeroporto de Lisboa.
Uma parte do estacionamento está transformado em posto de colheitas para fazer teste Covid-19. Existem 10 postos de testagem, mas não são os suficientes para dar vazão às centenas de passageiros.
Há quem já esteja há mais de sete horas à espera. “Não deu para marcar, tentei sexta, tentei sábado, não deu para marcar. Vim cedo para ver se conseguia ser atendida”, explica Ana. Na espera, perdeu o voo para o Reino Unido.
“Estou a ficar um bocado desesperada, como todos nós. Nesta fila toda, quase toda a gente já perdeu o voo”, diz.
O remédio foi comprar um novo bilhete, dinheiro gasto a mais que ninguém lhe vai devolver.
Quem também já entrou em despesas extra foi Cláudia. Vai viajar na próxima madrugada com o marido e os filhos para a Noruega. Os adultos têm certificado de vacinação, mas os menores não e, por isso, têm de fazer teste.
“Temos o voo às 5h00 e eu marquei com a Synlab às 15h30, paguei e tenho de estar na mesma fila para as pessoas que não marcaram. Estou aqui com crianças e não sei quando vou sair daqui”, explica.
Minutos mais tarde, voltamos a ir falar com Cláudia. Está a sair da fila. “Vou fazer teste a outro lado e depois peço o dinheiro de volta à Synlab”, exclama.
Quem também desistiu de estar na fila foram os sogros de Félix que estão de regresso ao Brasil. Ontem tentaram ir fazer teste, “mas não havia nenhum sítio aberto”.
“Decidimos hoje vir mais cedo, mas com esta fila, eles saíram correndo à procura de outro sítio, porque acho que aqui não vai dar”, diz.
Já Pedro e mais três amigos conseguiram fazer teste no aeroporto, mas demoraram oito horas na fila e perderam o avião que tinham. Tal como Ana, compraram novos bilhetes e esperam agora conseguir fazer a viagem para Bristol, no Reino Unido.
Pedro, assim como muitos outros passageiros, queixam-se da falta de informação.
“Havia duas filas, uma para pessoas que já tinham marcação e a outra para pessoas que iam voar hoje, mas não havia ninguém a dizer ‘se tiverem o voo mais cedo podem saltar a fila’ e por isso perdemos o avião”, remata.