04 jan, 2022 - 17:21 • José Pedro Frazão , João Carlos Malta
As empresas privadas “estão muito melhor do que o setor público” no que diz respeito à proteção de dados e à capacidade de defesa a ataques informáticos. A ideia é defendida por Elsa Veloso, advogada, especialista em Privacidade e Proteção de Dados.
“Isso é indubitável. O setor público tem pessoas à frente de ministérios, de DPO (proteção de dados), que efetivamente não fazem a mínima ideia do que estão a fazer. É visível quer nas conversas, quer na sua atuação, quer nos processos abertos”, argumenta à Renascença a especialista.
Ainda assim, o diagnóstico não serve para dizer que as empresas fazem tudo bem nesta área. “A maior parte das empresas não compra as melhores soluções com os melhores técnicos. Opta sempre, ou muitas vezes, por soluções ou que estão mais na moda ou que são mais económicas”, defende.
Depois do e-mail enviado aos subscritores, os "hac(...)
Isto porque, segundo Elsa Veloso, “estes hackers são muitíssimo bons”. Por essa razão, “as grandes empresas têm de se rodear dos melhores profissionais e das melhores técnicas”.
Os avisos surgem numa altura em que o ano não começou da melhor forma para o grupo Impresa: os sites da SIC, do jornal Expresso e do Blitz foram atacados por um grupo de piratas informáticos que exigem um resgate para devolver o acesso.
O responsável por este ataque informático é o Lapsus$ Group.
Trata-se de um grupo de piratas informáticos que terá sido criado há menos de um ano, mas que ganhou grande mediatismo e foi muito falado no mundo inteiro, em dezembro, na altura em que lançou uma sequência de ataques a páginas na internet de vários organismos governamentais brasileiros, sobretudo, na área da Saúde: Ministério da Saúde, Portal Covid e ConecteSUS, uma plataforma de saúde para cidadãos, profissionais e gestores de saúde. Ataques que duraram vários dias.
Perguntas e respostas
A grande maioria das empresas portuguesas está na (...)
A advogada conclui que o Estado “deve dar o exemplo da transformação digital e não o faz”.
Elsa Veloso dá o exemplo das políticas de privacidade do e-vaucher, que são geridas por uma empresa com sede na Islândia, e que “é o responsável dos dados de todos os portugueses”.
O Ministério da Economia e Transição Digital, na sua página na Internet, segundo a advogada “tem uma política de privacidade contrária à lei”.
Nessa medida, garante, que quando “se pega no caso concreto do estado português” “lamentavelmente, a maior parte das vezes é de erros crassos logo nos sites”.