05 jan, 2022 - 13:23 • Inês Rocha , Inês Braga Sampaio
Henrique Barros, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), considera que não faz sentido continuar a avaliar a gravidade da pandemia da Covid-19 pelo número de novos casos.
No encontro do Infarmed para avaliação da evolução epidemiológica em Portugal, o investigador assinalou a “clara dissociação do número de casos com a sua gravidade” e sublinhou que se está a verificar um caminho no sentido de variantes menos patogénicas e mais transmissíveis. Com reforço da vacinação e testagem massiva, “é possível controlar a infeção”.
"Não vale a pena continuarmos com um esforço de erradicação [da pandemia]", disse, acrescentando: "O essencial é antecipar e responder."
Reunião no Infarmed
Estamos numa fase diferente da pandemia com "valor(...)
Para Henrique Barros, é "tranquilizador" que o aumento de casos não se esteja a repercutir na gravidade da infeção.
"Estamos a viver circunstâncias que facilitam a circulação do vírus. Neste momento, apenas a Suécia vive uma situação ainda mais aberta do que o nosso país", explicou o especialista em saúde pública.
Ainda assim, os casos não se associam, na sua maioria, a doença grave, mesmo com uma testagem cinco vezes maior por mil habitantes do que há um ano. Por isso, Henrique Barros acredita que, com vacinação e testes, "podemos viver de uma forma próxima da normalidade".
Não obstante, o especialista da ISPUP lembrou algumas incertezas que se mantêm, nomeadamente sobre o efeito da variante Ómicron em não vacinados, sobre o qual ainda não há dados suficientes.
Por outro lado, também não há dados sobre a "long covid", os efeitos prolongados que se têm detetado em pessoas já recuperadas da doença, em casos da nova variante.