05 jan, 2022 - 12:51 • Inês Rocha
Raquel Duarte, ex-secretária de Estado da Saúde e investigadora do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), defende que este é o momento de reduzir algumas medidas restritivas.
A especialista acredita que este é o momento para começar a apostar na
autogestão de risco, onde as pessoas se testam e têm maior autonomia
para saber o que fazer depois de testar positivo.
A médica pneumologista, que tem também formação académica em Saúde Pública e Economia da Saúde, recomenda que se promova o autoteste com validação
presencial ou remota do profissional de saúde, de forma a garantir que,
perante uma suspeita de doença, o diagnóstico é dado no momento. Para isso, lembra, é necessário que haja testes “acessíveis e gratuitos” a toda a população.
Esta responsável da ARS Norte defende que a única forma de reduzir a pressão
sobre os cuidados de saúde primários e sobre os médicos de saúde pública, face ao número de casos de menor
gravidade, é passar a responsabilidade para a população.
Recomenda-se assim um aumento da
participação ativa de quem testa positivo na identificação de contactos
de risco, por via digital.
Perante a situação de não-alerta que o país atualmente vive, a especialista propõe uma redução de medidas restritivas mas reforço de medidas gerais, como aceleração da vacinação, ventilação e climatização adequadas nos espaços públicos, proibição de consumo de bebidas alcoólicas na via pública, entre outras medidas.
"É fundamental a vacinação, o arejamento dos espaços fechados, continuar a usar o certificado digital e a promoção da autoavaliação de risco”, defende.
A linha vermelha proposta, para reversão das medidas, é de internamentos em UCI acima dos 70% da linha vermelha e um R (t) superior a 1.
Nesse caso, a especialista já apoia um apertar das medidas, com teletrabalho sempre que possível, testagem regular dos funcionários, limitações na restauração e nos eventos (75%) e também nos transportes públicos. Os convívios familiares devem ser limitados a dez pessoas, em caso de risco elevado de infeção.