10 jan, 2022 - 13:31 • Rosário Silva
O Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) anunciou nesta segunda-feira que vai avançar, neste mês de janeiro, com o Programa de Saúde Mental Perinatal (PSMP).
“Constitui-se como um programa de intervenção multidisciplinar, cujo objetivo principal é a estruturação de uma intervenção com a mulher no período perinatal e a sua rede de suporte, nomeadamente o pai e outros familiares ou elementos significativos, com vista à promoção de uma parentalidade saudável”, refere a nota de imprensa enviada à Renascença.
O projeto vai desenvolver-se entre os departamentos de Psiquiatria e Saúde Mental, e da Mulher e da Criança, em colaboração com o Serviço de Ginecologia e Obstetrícia.
“As problemáticas de saúde mental neste período constituem atualmente a principal complicação obstétrica não diagnosticada, sendo o período perinatal a fase do ciclo de vida das mulheres em que existe maior risco para o desenvolvimento de doença mental”, menciona Teresa Reis, responsável pelo PSMP.
Entende-se por período perinatal aquele que vai “desde o momento da conceção até um ano após o parto”, informa o HESE, sublinhando a importância dessa “experiência única, individual e familiar, envolta em transformações e adaptações multifacetadas a nível físico, psíquico, social e emocional”.
Dados avançados por este estabelecimento hospitalar dão conta que “30% das mulheres e 10% dos homens desenvolvem doenças mentais no período perinatal”, sobretudo no período que se segue ao parto.
“Até 80% das mulheres sentem alguma mudança leve de humor ou tristeza, 22% das mulheres e 10 % dos homens desenvolvem sintomas compatíveis com perturbação depressiva, o que enfatiza a importância e potencial impacto da implementação do programa”, é ainda sublinhado.
Para a médica Teresa Reis, “é importante relembrar que qualquer mulher pode desenvolver uma perturbação de humor ou de ansiedade durante a gravidez ou pós-parto, por isso, é essencial reconhecer os sintomas para que se possa obter a ajuda que precisa e merece o mais brevemente possível”.
“São números reais”, acrescenta a responsável pelo programa, e provam “que este é um tema pertinente e que deve ser encarado pela sociedade como tal”. Por isso, quem “quem sente que precisa de ajuda” deve falar com “o seu médico ginecologista, médico de família ou enfermeiro da unidade de saúde”, reforça.
Da equipa multidisciplinar que arranca com o PSMP fazem parte uma médica psiquiatra, uma médica interna em formação específica em psiquiatria, uma técnica superior de psicologia e uma enfermeira especialista em saúde mental e psiquiátrica, com funções clínicas no Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do hospital eborense.