Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Legislativas. Partidos disponíveis para discutir a regionalização nos próximos anos

15 jan, 2022 - 13:00 • Lusa

Criação de regiões está prevista na Constituição desde 1976, mas nunca avançou.

A+ / A-

A generalidade dos partidos políticos com assento parlamentar está disponível para debater a regionalização e apenas o CDS-PP recusa expressamente a criação de regiões, segundo os programas com que se apresentam às legislativas antecipadas de 30 de janeiro.

A criação de regiões como um poder intermédio entre as administrações central e local está prevista na Constituição desde 1976, mas nunca avançou.

O processo está, desta vez, nas prioridades do PS, que no seu programa prevê, "de forma serena e responsável", reabrir "o debate em torno do processo de regionalização nos próximos dois anos, com o objetivo de realizar um novo referendo sobre o tema em 2024", tal como já vinha sendo defendido pelo secretário-geral do partido, António Costa.

Este debate ocorre na sequência do "maior processo de descentralização de competências das últimas décadas" para as autarquias locais e de avanços na "democratização" das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional, acrescenta o PS no seu programa, reassumindo que prevê concluir o processo de descentralização em março de 2022 e, no próximo mandato, identificar novas competências para descentralizar.

Também o PSD se "compromete a abrir à sociedade portuguesa esta discussão sobre a reorganização territorial do Estado" e sobre a regionalização, executando "as medidas que, neste âmbito, contribuam para corrigir as disparidades territoriais, desde que correspondam à vontade maioritária dos portugueses".

"O princípio geral, como sempre, para o PSD, é que qualquer alteração que melho­re os resultados da máquina estatal terão de assegurar a diminuição da despesa pública global", é sublinhado no programa dos social-democratas.

No imediato, o PSD defende que o combate às desigualdades territoriais passa "pelo aprofundamento e consolidação do processo de descentralização das funções do Estado Central".

No entanto, "apesar do acordo sobre esta matéria a que foi possível chegar com o PS, o que se tem visto é que o atual Governo tem chegado a soluções insuficientes e incapazes", considera o PSD nas suas propostas, acrescentando o compromisso de "dar uma vida nova a este processo de descentralização, estabilizando o quadro de trans­ferências de funções e estabelecendo um compromisso financeiro seguro e estável para regiões e au­tarquias".

Bloco de Esquerda e a coligação PCP/PEV (CDU) defendem a regionalização como medida de coesão do território e de proximidade dos serviços aos cidadãos, mas desconfiam do processo de descentralização de competências para os municípios e freguesias, que o PCP quer mesmo reverter e que, segundo o Bloco, "não passou de um processo de municipalização de algumas tarefas do Estado".

"Um país coeso e equilibrado, a defesa do interior e do mundo rural, assente na regionalização e no ordenamento do território e numa política ambiental que salvaguarde a natureza" é o que defende o PCP no seu programa, onde também advoga a extinção das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional.

Pelo seu lado, o BE defende "um processo participado, aberto e democrático com vista à regionalização", que deverá ter "legitimidade democrática" com eleições diretas dos seus dirigentes pelos cidadãos, porque estes "têm o direito de eleger os órgãos e participar na definição das políticas da sua região".

Também o Livre no seu programa defende que os órgãos das futuras regiões devem ser eleitos em eleições diretas, "sendo que o processo de regionalização deve ser sujeito a referendo".

Para o PAN, "é necessário mudar a atual organização do Estado" e falta "um verdadeiro nível intermédio de poder", mas antes propõe "uma revisão constitucional que proceda à eliminação da pergunta de alcance regional e à clarificação dos termos do referendo de âmbito nacional de forma a assegurar que a regionalização se concretizará desde que os votos favoráveis sejam superiores aos votos contra, independentemente do número de votantes".

No âmbito da descentralização de competências para as autarquias locais, o PAN considera que não estão garantidos os "recursos necessários para esse efeito" e irá propor o adiamento da "consolidação do processo de descentralização nas áreas da Educação, Saúde e Ação Social para 31 de março de 2023" e identificar "novos domínios onde se possa efetivar a descentralização no mandato autárquico de 2021-2025".

Chega e Iniciativa Liberal não incluem a regionalização nos respetivos programas eleitorais, mas o CDS-PP é o único partido que repudia "qualquer forma de regionalização, real ou encapotada" e assume que vai "votar contra qualquer projeto de regionalização e contribuir ativamente para o esclarecimento público".

Para os centristas, "o país precisa de coesão territorial, não precisa de ser retalhado, nem precisa de mais uma estrutura administrativa intermédia, com os respetivos custos, a respetiva burocracia, uma nova classe política regional e as condições para a criação de dependências caciquistas, corrupção e abuso de poder".

Apesar de rejeitar a regionalização, o CDS-PP considera importante "reconstruir a proximidade dos serviços públicos no relacionamento com os cidadãos, nos diferentes territórios do país" e propõe-se a "transferir, para fora de Lisboa, serviços e institutos da administração central do Estado" e "reforçar a transferência de competências e meios para os municípios".

A Iniciativa Liberal considera que a descentralização é uma forma de melhorar os serviços públicos e combater assimetrias, mas defende "uma regra clara de neutralidade fiscal da descentralização", através da garantia que "qualquer processo de descentralização não resulta em maior despesa pública; não resulta em duplicação de estruturas, serviços ou cargos".

A campanha eleitoral para as legislativas antecipadas de 30 de janeiro vai realizar-se entre 16 e 28 de janeiro, de acordo com a lei e o calendário definido pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, dissolveu o parlamento e convocou eleições antecipadas na sequência da rejeição na generalidade da proposta de Orçamento do Estado para 2022 (OE2022).

Saiba Mais
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+