28 jan, 2022 - 11:49 • João Cunha
Primeiro diz que não, que só passou uma escova. Mas lá admite que o penteado é novo. Foi ao cabeleireiro e arranjou o cabelo - todo ele branco - para ir tomar a dose de reforço da vacina contra a Covid-19. Alzira Costa diz que lhe dá jeito não ter de ir ao centro de vacinação.
"A camioneta fica bastante longe. E já lá fui duas vezes. Por acaso, a Junta tinha uma carrinha que nos levou lá", admite esta idosa, de 83 anos, para quem esta é a melhor solução. para hoje está agendada a vacinação de 80 pessoas. As duas salas onde funciona a Assembleia de Freguesia de São João da Talha estão ocupadas. De um lado, três enfermeiras e dois auxiliares recebem os inscritos, que preenchem um formulário e esperam pela chamada. E lá recebem a vacina.
"É bom. Estamos a cuidar de uma menina pequena, não dava muito jeito ir para muito longe".
Maria João Pataco saiu da sala onde recebeu a vacina de reforço contra a Covid. O marido, Manuel Pataco, está sentado na cadeira ao lado. É bom ter mais perto um local onde se vacinar.
"Já fui a Loures, já fui a Sacavém. Hoje tomei a dose de reforço aqui em São João da Talha", diz.
Sónia Sousa é mais nova. Já teve Covid e por isso, veio tomar a segunda dose. "Não me dava jeito nenhum ir para Loures. Soube deste centro, inscrevi-me e foi rápido. Deu-me muito jeito". Também lhe deu jeito a garrafa de água que lhe ofereceram à saída, num saquinho de feltro negro com o logotipo da Câmara de Loures.
O projeto resulta de uma parceria entre a autarquia de Loures, o Agrupamento de Centros de Saúde de Loures e Odivelas e as juntas de freguesia do concelho, que disponibilizam os espaços físicos para a vacinação.
E freguesia a freguesia, "numa lógica de grande proximidade", implementam o projeto desde meados de Dezembro a todos os que nele se inscrevem.
"Neste momento já ultrapassámos as 1300 pessoas", revela Sónia Paixão, vice-presidente do Município de Loures, que tem a seu cargo a Divisão de Gestão e Promoção da Saúde, que acredita que "dificilmente algumas pessoas teriam oportunidade de ir a Loures, ao Centro de Vacinação, porque não tinham confiança. Não estavam predispostas para ser vacinadas".
Prova disso, o facto de terem apanhado várias pessoas que não tinham iniciado a sua vacinação.
"Também fomos aos lares de idosos de todo o concelho, tornando muito mais rápido o processo de vacinação", diz a autarca.
Por isso, a Câmara de Loures faz um balanço muito positivo deste projeto, que irá estender aos bairros de realojamento de maior densidade populacional, como na Apelação e nos Terraços da Ponte.
"Para irmos ao encontro de quem mais necessita e ficarmos com um sentimento de maior segurança, aquele que o processo de vacinação nos permite".
De segunda a sexta-feira, das 09h00 às 15h00 horas, as equipas itinerantes deslocam-se às instalações indicadas pelas juntas de freguesia, de acordo com programação previamente definida para a administração das vacinas, a qual resulta da marcação feita pelos utentes através do 800 100 176.
"Estão todos muito contentes", garante Nuno Leitão, presidente da União de Freguesias de Santa Iria, São João da Talha e Bobadela, acrescentando que "o facto de existir esta dimensão de proximidade local representou este salto na vacinação dos mais velhos. E não só: hoje temos oito pessoas a receber a primeira dose da vacina". O que quer dizer que a proximidade também trouxe a confiança a quem torcia o nariz à vacina.
Inicialmente houve pouca adesão, devido a alguma desconfiança. Quebrada essa barreira, "automaticamente avançámos no número de pessoas que estão a ser vacinadas".