02 fev, 2022 - 20:49 • Lusa
O Movimento Ibérico Antinuclear (MIA) rejeitou, esta quarta-feira, que a União Europeia considere como verdes os investimentos em energia nuclear e diz que se tal acontecer ficam comprometidos os esforços para a descarbonização da eletricidade.
A posição do MIA, em comunicado, surge a propósito da decisão anunciada pela Comissão Europeia, esta quarta-feira, de propor a rotulagem “verde” para certas atividades de gás e de energia nuclear.
“Tendo em conta os pareceres científicos e o progresso tecnológico atual, a Comissão considera que há um papel para o investimento privado em atividades de gás e nucleares na transição”, disse a Comissão em comunicado, assegurando que tal está “de acordo com os objetivos climáticos e ambientais da UE” e que permite “acelerar a passagem de atividades mais poluentes, como a produção de carvão, para um futuro neutro do ponto de vista climático, na sua maioria baseado em fontes de energia renováveis”.
A decisão foi polémica e mereceu votos contra entr(...)
Esta não é a ideia de associações ligadas ao ambiente, que já se manifestaram contra, nem do MIA, um movimento composto por coletivos ambientalistas e instituições de Portugal e Espanha que se têm manifestado contra a energia nuclear.
No comunicado divulgado, o movimento, além de dizer que os esforços de descarbonização estão comprometidos “pelo oportunismo e pela capacidade de exercer pressão da indústria nuclear”, critica nomeadamente a França pela decisão da Comissão.
“A dependência da França da energia nuclear, que responde por 77% de sua eletricidade, acompanhada pelos interesses da Finlândia e de vários países do Leste Europeu, está empurrando a União Europeia para uma nova brecha”, alerta o MIA no comunicado.
Esses países, diz, querem abrir o acesso a novos financiamentos para a indústria nuclear como uma atividade verde, “com a falácia de que contribui para a adaptação e mitigação das mudanças climáticas”.
A proposta da Comissão, para se tornar efetiva, terá de ser aprovada por 20 dos 27 Estados da UE e terá de passar também pelo Parlamento Europeu.
Se não houver oposição a proposta entra em vigor a 01 de janeiro de 2023.