08 fev, 2022 - 08:40 • Rosário Silva
Por causa da seca, o presidente da Câmara de Ourique manifesta profunda preocupação com a situação das explorações agropecuárias de extensivo no concelho.
Marcelo Guerreiro é um dos autarcas que participa, esta terça-feira, na reunião da Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (CIMBAL), para analisar a situação e propor ao Governo, um conjunto de medidas para minimizar os efeitos da seca que assola a região.
“As explorações produtoras de animais, os produtores de ovinos, os produtores de porco alentejano, os agricultores que têm explorações de extensivo não abrangidas por áreas de regadio, são as primeiras vítimas destes períodos de seca”, refere.
O autarca pede que seja lançado “um olhar muito atento para as dificuldades dos produtores agropecuários do concelho e da nossa região”, tendo em conta que os seus animais “precisam de água todo o ano”, não tendo já pastagens por causa da falta de chuva, “o que acarreta um conjunto de custos muito significativo”.
“Estamos muito preocupados”, assume, Marcelo Guerreiro que vai aproveitar o encontro de autarcas para pedir, mais uma vez, a ligação de Alqueva à barragem do Monte da Rocha, atualmente com as reservas hídricas nos mínimos, e que abastece os concelhos de Ourique, Castro Verde, Almodôvar e parte dos concelhos de Odemira e Mértola.
“A outra preocupação prende-se com a ligação, a médio prazo, da água de Alqueva ao Monte da Rocha, barragem que no momento está com 15% da sua capacidade”, revela.
Apesar da situação, o presidente desta autarquia do distrito de Beja, garante que não vai faltar água às populações.
“Neste ano de 2022, está garantido o abastecimento a público às populações dos concelhos que são abastecidos pela albufeira, mas como as alterações climáticas vieram para ficar, pedimos ao Governo maior celeridade na ligação da água de Alqueva, a partir da barragem do Roxo, até à barragem do Monte da Rocha”, sublinha, Marcelo Guerreiro.
Da reunião de hoje, deverá sair um documento para enviar ao futuro Governo, com medidas concretas que aliviem a difícil situação por que estão a passar os produtores do baixo Alentejo.
Entrevista Renascença
“Neste momento, preocupa-nos o país por inteiro”, (...)
Nos últimos dias também a Federação de Associações de Agricultores do Baixo Alentejo (FAABA), manifestou “grande preocupação” pela situação que se vive na região e que está a afetar a agricultura de sequeiro e a pecuária extensiva.
Apreensiva com a carência de reservas hídricas, seja para os animais, seja para o regadio, esta federação, com sede em Beja, retrata, em comunicado enviado á Renascença, um cenário preocupante.
“As culturas de outono-inverno já se encontram gravemente comprometidas, as pastagens não existem e os agricultores estão a recorrer às reservas de feno e palhas que em muitos casos se encontram praticamente esgotadas”, pode ler-se.
“Neste quadro, e a confirmarem-se as previsões” da meteorologia “para as próximas semanas, a provisão de reservas alimentares para a pecuária serão praticamente nulas”, garante a FAABA.
No documento, é ainda referida a situação “anormal” que “tem sido agravada pelos custos dos fatores de produção”, uma vez que “sofreram agravamentos extraordinários nos últimos meses, nunca vistos nos tempos mais recentes”.
As dificuldades atingem também as explorações que trabalham, em modo de produção biológico, com um “cenário ainda mais dramático, não só pelo maior custo da alimentação, mas também pela sua dificuldade de aquisição”.
A organização alerta os agricultores que representa para o facto de terem “de estar preparados para a falta de água para o abeberamento de animais” e populações, uma vez que as barragens da região, sobretudo as da bacia do Sado, estão “a níveis historicamente baixos, comprometendo seriamente a próxima campanha de regadio”.
“Noutros casos, nomeadamente nas barragens que se encontram ligadas ao complexo de Alqueva, a campanha de regadio poderá ocorrer, mas a água terá que ser adquirida à EDIA a custos muito elevados, agravando ainda mais as contas das várias culturas instaladas”, acrescenta.
A FAABA perspetiva que “a sustentabilidade económica de muitas explorações agropecuárias do Alentejo” possam ficar “gravemente comprometida”, por isso pede ao Governo que avance com “medidas de apoio aos sectores mais afetados, que poderão passar por ajudas diretas à pecuária e às culturas de outono-inverno”.
Por outro lado, no imediato, é defendida “a autorização para o pastoreio de pousios e superfícies de interesse ecológico, como forma de mitigar a falta de pastagem para o gado”.
A federação pretende que sejam “avaliadas outras medidas de fundo”, devendo ser “implementadas no médio e longo prazo, para contrariar os recorrentes efeitos da seca na região”.
“O papel da Associação Nacional de Municípios é, e(...)