11 fev, 2022 - 14:38 • Ricardo Vieira
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O jovem suspeito de planear um ataque contra a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa vai aguardar o desenrolar do processo em prisão preventiva.
O arguido foi ouvido esta sexta-feira pelo juiz de instrução, no Campus da Justiça, em Lisboa.
O magistrado decidiu aplicar a medida de coação mais gravosa ao jovem de 18 anos, estudante de Engenharia Informática da Faculdade de Ciências.
O juiz de instrução considera que estaria em causa a continuidade da atividade criminosa e entendeu que está em causa a possibilidade de perturbação da tranquilidade da ordem pública, se o arguido ficasse em liberdade.
Jovem de 18 anos, suspeito de planear ataque à Fac(...)
O suspeito está indiciado pelo crime de terrorismo e posse de armas proibidas e deverá ser agora levado para o Estabelecimento Prisional de Lisboa.
Em declarações aos jornalistas, Jorge Pracana, o advogado do suspeito, deixou claro que vai tentar contestar a medida de coação de prisão preventiva.
“Aguardo alguns documentos que poderão ser úteis à reversão da decisão”, declarou Jorge Pracana, segundo o qual o seu cliente optou por ficar em silêncio durante o interrogatório e vai avaliar a indiciação por terrorismo.
Para o advogado de defesa, “este processo vai fazer história no país". "É o primeiro e espero que seja o último. Este tipo de acusação… Portanto, estamos todos a inovar e a analisar isso. Será terrorismo? Não sei", declarou.
"O Ministério Público tem a sua opinião e eu tenho a minha que será expressa oportunamente", argumenta Jorge Pracana. A acusação foi mal formulada? “Não vou pronunciar-se ainda sobre isso”, respondeu.
Questionado sobre os argumentos para justificar a prisão preventiva, o advogado considera que "a tranquilidade pública é um conceito muito abstrato".
"Os senhores fazem o vosso papel, que é importante, mas também contribuem para a intranquilidade pública ao dar as notícias. Não é uma crítica, é uma constatação. É natural que o senhor procurador e o senhor juiz tivessem esse cuidado e é uma das figuras penais exigidas para atribuição daquela medida de coação”, declarou.
O estudante foi detido na quinta-feira pela Polícia Judiciária, após um alerta internacional do FBI.
Nas buscas domiciliárias realizadas pela Unidade Nacional Contraterrorismo (UNCT). numa casa na zona dos Olivais, em Lisboa, foram encontradas várias armas proibidas e um plano de ataque detalhado contra estudantes da Universidade de Lisboa.
O aluno de nacionalidade portuguesa, oriundo da Batalha, estaria a planear realizar o ataque nesta sexta-feira, dia de exames na Faculdade de Ciências.
O país acordou para uma realidade até agora descon(...)
"Na sequência das buscas realizadas, seriam apreendidos vastos elementos de prova, que confirmariam as suspeitas iniciais. Para além de várias armas proibidas, seriam igualmente apreendidos outros artigos suscetíveis de serem usados na prática de crimes violentos, vasta documentação, isto, para além um plano escrito com os detalhes da ação criminal a desencadear", indicou a Polícia Judiciária num comunicado divulgado na quinta-feira.
Ao que a Renascença conseguiu apurar junto de fonte policial, o alerta chegou às autoridades nacionais através dos canais de cooperação internacional, entre eles o FBI norte-americano, porque o jovem em causa frequentava sites e redes sociais internacionais, onde terá revelado os planos do seu ataque.
Recebido o alerta, e tendo-lhe sido dada máxima prioridade, foi aberto um inquérito na Sessão de Investigação de Crime Violento do DIAP de Lisboa, e decidido avançar com a detenção – que ficou a cargo da Unidade Nacional de Contraterrorismo da Judiciária.
Ainda de acordo com o que a Renascença apurou, o ataque estava previsto para esta sexta-feira num dos edifícios da Universidade de Lisboa, num contexto muito semelhante ao que ocorre com alguma frequência em escolas norte-americanas.
O Presidente da República considera que o ataque terrorista que o jovem universitário alegadamente estaria a preparar é “uma questão pontual” e que não há razão para alarme.
“Quem tinha de intervir em termos de garantir a segurança dos portugueses, interveio. Os portugueses podem e devem considerar-se seguros”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, à margem da visita que está a fazer a França.
O Chefe do Estado lembrou que este “não é um facto único, tivemos já na nossa história factos bastante mais complexos que só soube depois aquando, em 2004, do Euro, por exemplo”.
“Quem tinha de cumprir a missão cumpriu de forma discreta, mas eficaz e isso dá um sentimento de segurança acrescido aos portugueses”, reforçou.
Nestas declarações aos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa foi também questionado sobre a polémica em torno dos votos anulados nas eleições legislativas. O Presidente da República não quis alongar-se em comentários, preferindo destacar a convergência de diversos partidos sobre a necessidade de alterar a lei eleitoral.
[notícia atualizada às 15h25 - com declarações do advogado de defesa]