16 fev, 2022 - 11:18 • Redação
Os peritos ouvidos na reunião que decorreu no Infarmed sobre a evolução da pandemia de Covid-19 propõem um sistema de vigilância de infeções respiratórias que integre o vírus SARS-Cov-2, o da gripe e o vírus sincicial respiratório.
“Vamos necessitar de manter a vigilância (…) e conseguir identificar tendências de evolução”, afirmou Ana Paula Rodrigues, especialista do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, que em janeiro explicou à Renascença como será este novo modelo e quando deverá estar ativo.
“À medida que as medidas de saúde pública forem sendo aliviadas, não vai ser necessário identificar todos os casos de infeção, como fazemos, as estratégias de testagem irão mudar e, gradualmente, o foco de interesse vai mudar para os casos de doença com impacto na morbilidade, na mortalidade e na resposta dos serviços saúde”, afirmou.
Ana Paula Rodrigues defendeu que o sistema agora proposto permitirá uma maior otimização de recursos e sublinhou a importância deste modelo de vigilância, uma vez que há “outros agentes respiratórias de igual potencial epidémico e sazonal”, como o vírus da gripe e o vírus sincicial respiratório.
O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge(...)
Este sistema de vigilância de infeções respiratórias agudas permitirá uma recolha integrada e uniforme dos dados clínicos e laboratoriais, facilitando a pré-selecção de unidades de saúde para “obter uma amostra representativa” da população.
“Assim, teremos potencial capacidade para monitorizar a incidência da doença, ao mesmo tempo que monitorizamos a gripe e outros agentes de infeção respiratória”, explicou a responsável, na sua intervenção sobre "Vigilância na fase de recuperação da pandemia".
O pico da quinta vaga da pandemia foi atingido no dia 28 de janeiro e Portugal já está numa fase decrescente da onda relacionada com a Ómicron.
Pedro Pinto Leite, epidemiologista do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, avançou esta quarta-feira que há, igualmente, "uma estabilização" do número de internamentos e uma tendência decrescente nas unidades de cuidados intensivos (UCI).
Já Baltazar Nunes, do INSA, adiantou que "sem qualquer medida de mitigação, nem reforço vacinal, em setembro ou outubro poderá ocorrer uma nova onda epidémica, porque a população vai perdendo proteção ao longo do tempo".