18 fev, 2022 - 20:03 • Filomena Barros
Conhece as expressões “Grooming”, “Revenge Porn”, “Sextortion”? Talvez já tenha ouvido falar de Cyberbulling e Cyberstalking. Todos estes comportamentos de risco online motivam campanhas e alertas.
Depois da primeira obra “Amar-te e Respeitar-te”, lançada em 2017, o músico Jimmy P apresenta um novo livro, “O Digital é Real”, para reforçar a mensagem.
À Renascença, o coautor das histórias explica que falar de “Grooming, tem a ver com o aliciamento online”, uma prática que “muitas vezes tem a ver com uma abordagem não sexual, com o objetivo de ganhar a confiança da vítima e incentivá-la produzir conteúdos íntimos”.
Sobre o “Revenge Porn, que infelizmente é uma coisa que acontece muitas vezes quando se dá uma rutura numa relação”, esclarece o artista, “é a acumulação de material íntimo por parte de um dos pares na relação”, e quando se dá a rutura, “muitas vezes, essas fotos, vídeos, as conversas, os áudios, tudo é disponibilizado na net como forma de vingança para com a outra pessoa”.
O conceito de “Sextortion”, prende-se com a exposição e partilha de conteúdos da vida privada.
“No fundo, as pessoas envolvidas acabam por se expor”, sendo “vítimas de um crime quase de extorsão”, pois na maioria das vezes, “até lhes são solicitados pagamentos para elas reaverem coisas que são da sua privacidade”.
“O Digital é Real” contém três histórias, cujo conteúdo aborda questões como o discurso de ódio, as ‘selfies’, a autoimagem, entre outros, e inclui também informações úteis para procurar ajuda, online e presencial, assim como bibliografia e sites sobre o tema.
A APAV, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima é responsável pela revisão técnica do conteúdo, numa parceira que é valorizada pelo diretor geral da Betwein, que editou o livro.
Segundo Narciso Moreira, está a ser feito um trabalho com esta instituição, tendo em conta a sua importância no “apoio sempre que são identificados casos de abuso ou violência e que são reencaminhados, quer cheguem a nós ou quer as pessoas possam dirigir-se diretamente a eles”.
O responsável confirma que tal já aconteceu, por ocasião da apresentação do primeiro livro nas escolas. “Aconteceu variadíssimas vezes, quer nas ações presenciais que fazíamos, quer pelos formulários online que nós reencaminhávamos para a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima”, adianta.
O projeto é direcionado para as escolas do 3º ciclo do ensino básico e secundário, sendo que o início da digressão deve acontecer em finais de março.
Narciso Moreira, da empresa Betwein, acredita que as escolas estão mais atentas a esta problemática.
“Nós sabemos que existe esta preocupação até pela procura para que este projeto vá às escolas. Isso é um sinal da preocupação e da importância que eles dão ao tema. Nós somos apenas um veículo de sensibilização e tentamos nesses momentos alertar para todos os apoios que existem, e a escola é um deles”, acrescenta.
O novo livro apresenta também uma peça de teatro e três temas da autoria de Jimmy P (alter-ego de Joel Plácido), que tem na sua origem e base musical, o Hip-Hop.
O musico é o ‘rosto’ que pretende alertar os alunos para esta realidade preocupante, acreditando que é possível passar a mensagem.
“Muitos professores diziam-nos que se eles falassem disto aos alunos, provavelmente não estariam tão atentos, nem prestariam tanta atenção ao tema”, mas o facto de terem “um artista que eles se calhar ouvem, consomem e acompanham faz toda a diferença, porque há um trigger (gatilho) para prestarem atenção e assimilarem muito melhor essa informação”, complementa o autor.