23 fev, 2022 - 15:24 • Liliana Carona
Na terra de Vergílio Ferreira, os espantalhos Mafalda e João nasceram pelas mãos das crianças para pregar um susto ao vírus.
A ideia partiu da Escola Profissional de Gouveia, no âmbito do curso de animação sociocultural. Com as atividades carnavalescas canceladas, as crianças do concelho foram desafiadas a fazer espantalhos. Da recolha vai resultar uma exposição, patente até dia 1 de março.
Uma carrinha da escola profissional de Gouveia passa por todas as freguesias para recolher os espantalhos feitos pelas crianças dos jardins de infância e escolas do primeiro ciclo.
João Nascimento, 39 anos, é o coordenador do curso de animador sociocultural, onde nasceu a ideia. “Como o município cancelou todos os eventos associados ao Carnaval, resolvemos apostar numa iniciativa em que espantássemos todos os males, principalmente este da pandemia. Lançámos o desafio às escolas e foi muito positivo”, observa, valorizando o objetivo de “tentar transmitir este lado de esperança e que os miúdos não percam o lado carnavalesco”.
As nove crianças da Escola Básica e Jardim de Infância de Melo deitaram mãos à obra com a ajuda das profissionais que ali trabalham. A professora Paula Gaspar, 49 anos, assumiu o desafio pela primeira vez.
“Eu nunca tinha feito nenhum espantalho. Foi cheio com palha, reaproveitámos o que já tínhamos no sótão e, pronto, nasceu a Mafalda e o João”, sorri, recordando o impacto da pandemia. “Notámos muito impacto, com mais dificuldades de aprendizagem, em termos de socialização a falta de estar com os amigos, e nota-se este ano que tivemos de fazer adaptações”, destaca.
“Parecia tão fácil, mas deu muito trabalho”, considera a educadora de infância Cina Andrade, 63 anos. “O enchimento com feno não chegou, tinha de estar sempre a trazer mais e foi tudo cozido com minúcia: as calças, a camisola”, descreve sobre o processo, sublinhando que foi explicando aos três alunos do jardim de infância que “era para espantar o mal”.
As crianças também dão a sua visão destes tempos difíceis de entender. Diana Polónio, 7 anos, diz que a pandemia “foi assim horrível” e acredita que o casal de espantalhos pode afastar a pandemia. “Acho-os giros e bonitos e acho que são capazes de assustar a pandemia, porque a Mafalda tem uma boca que parece um zombie”, aponta.
Para Nelson Oliveira, 8 anos, o tempo de pandemia “foi mau, porque estivemos em casa a fazer nada e não pude ir às compras”.
Os idosos, através dos lares, também foram convidados a participar na Mostra de Espantalhos, com 30 peças elaboradas no total. Uma iniciativa do Instituto de Gouveia (IG) – Escola Profissional, que conta com a parceria do município e que vai decorrer entre os dias 24 de fevereiro e 1 de março, no Jardim da Ribeira, junto ao Posto de Turismo desta cidade.