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“Precisamos de ajuda”: o apelo dos ucranianos em Portugal

26 fev, 2022 - 21:49 • Ana Carrilho

Os ucranianos há três noites que não dormem, sempre a tentar perceber o que se passa, ver como podem ajudar, onde estão e como estão os familiares, muitas vezes sem o conseguirem.

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Em poucas horas, a Associação de Ucranianos em Portugal, com a ajuda de Pedro Dionisio (que há 20 anos esteve na organização do cordão por Timor-Leste) organizou um cordão humano que juntou milhares de pessoas entre o Restelo e Belém. O objetivo é muito claro: fazer um apelo à paz na Ucrânia, contra a invasão da Rússia.

Os pontos de partida e chegada são plenos de simbolismo: no Restelo, perto da Embaixada da Ucrânia e ao lado da estátua debTaras Schevchenco, poeta, um símbolo da resistência ucraniana; em Belém, residência do Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, que já várias vezes manifestou o seu apoio à Ucrânia e à comunidade, condenando a intervenção de Putin.

Uma manifestação dominada pelo azul turquesa e amarelo das cores da bandeira da Ucrânia, com muitos slogans e cartazes contra o presidente russo, a invasão e apelos à paz.

À Renascença, o presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal, Pavlo Sadokha, afirmou que este é apenas mais um evento para pedir ajuda para o seu país e para os ucranianos. “Putin quebrou todos as leis e tratados internacionais, está a matar os ucranianos, mas não para e vai matar outros”.

O lider da comunidade em Portugal concorda que a intervenção da NATO e dos países que a integram seria “um perigo enorme para todo o mundo”. Por isso, pede-lhes ajuda com o fornecimento de armamento para que os “heróis que estão a defender a sua Pátria, a sua família, possam travar esta matança que Putin está a fazer. A Ucrânia não tem tanta força militar nem tantos soldados como a Rússia. Há anos que Putin e a Rússia se preparam para fazer este crime e o mundo tem que ajudar os ucranianos a defender-se”.

Pavlo Sadokha diz que os ucranianos há três noites que não dormem, sempre a tentar perceber o que se passa, ver como podem ajudar, onde estão e como estão os familiares, muitas vezes sem o conseguirem.

É o seu próprio caso. Cinco elementos da sua família, entre os quais um sobrinho com deficiência profunda já estão na fronteira da Ucrânia com o a Polónia e é para lá que Pavlo vai amanhã, para os trazer.

À Renascença mostrou-se com esperança de poder trazer todos, embora o cunhado ainda não tenha 60 anos e por isso possa ser impedido de atravessar a fronteira, para ficar a combater pelo país. No entanto, é o único que conduz e indispensável no apoio ao filho, dependente. “Espero que percebam que é mais útil para tirar de lá cinco pessoas com vida, do que para pegar numa arma”.

Também Ilona, de 13 anos e a mãe - Olga – estiveram esta tarde no cordão humano, entre o Restelo e Belém. Há seis anos que vivem em Portugal e neste momento, a sua prioridade é conseguir tirar a família da Ucrânia, o mais rapidamente possível.

Entre a conversa em ucraniano com a mãe e o português para a Renascença, Ilona diz que esperam trazer a avó, a irmã mais velha e a sobrinha. Não há nenhum homem na família que seja obrigado a ficar para combater. “Pedimos que Portugal ajude os ucranianos, é por isso que também estamos aqui”, foi o apelo que ficou, vincado pela grande ansiedade no olhar.

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