28 fev, 2022 - 18:16 • Rosário Silva
Os cidadãos russos que vivem em Portugal estão apreensivos e receiam que os portugueses os comecem a hostilizar.
Em declarações à Renascença, a russa Svetlana Shepyrina, casada com um português e a viver no nosso país há 20 anos, diz que existe um sentimento de medo e afiança que nas redes sociais já há estabelecimentos, nomeadamente restaurantes, que querem proibir a entrada de russos.
“Somos russos e vivemos aqui, somos menos que os ucranianos, mas isso não quer dizer nada. Eu tenho amigos de todas as nacionalidades”, diz-nos esta cidadã de 53 anos.
“Apenas passaram cinco dias e na Internet já há alguns restaurantes que dizem que os russos não podem entrar. Há uma onda de negatividade, mas nós que estamos cá, não temos a culpa”, acentua.
Svetlana Shepyrina condena os ataques da Rússia à Ucrânia e, inclusive, prepara-se para receber uma família ucraniana, proveniente de Odessa, e que deverá chegar a Portugal no avião que vai à Roménia buscar portugueses e luso-ucranianos.
Na Rússia não tem família direta, apenas amigas com quem fala regularmente. Diz que a população está dividida, a informação é escassa, todos receiam falar, de resto, estão proibidos de o fazer, e temem que possam ir buscar os seus filhos para esta guerra.
“Elas dizem que não há informação, que está tudo bem, estão proibidos de falar sobre o que se está a passar e algumas das minhas amigas que têm filhos, temem que algum dia os vão buscar para esta guerra”, conta-nos esta terapeuta de medicina tradicional, que refere também que o medo impera e “o povo está dividido”.
A cidadã russa, que vive nos arredores de Lisboa, garante que vai continuar a participar em manifestações de apoio à Ucrânia, e deixa uma mensagem de paz.
“Eu gostaria que nos juntássemos de mãos dados e fizéssemos um coração para enchê-lo de boa energia”, convida.
“Ontem houve uma manifestação na Praça do Comércio e eu fiquei muito contente porque participaram muitas pessoas. Há que continuar a fazer isto e a condenar as ações da Rússia contra a Ucrânia, pois o amor humano não tem nacionalidade”, conclui, Svetlana Shepyrina.