02 mar, 2022 - 07:41 • Anabela Góis , Olímpia Mairos
O conflito na Ucrânia pode agravar a situação pandémica no nosso país.
O alerta é do médico pneumologista Filipe Froes, que, em entrevista à Renascença, defende a adoção de medidas preventivas para evitar a origem de surtos entre os refugiados.
“O que vem aí é alguma incerteza resultante deste conflito na Ucrânia que cria condições para uma maior transmissibilidade e circulação do vírus, o que significa que nós vamos ter que manter uma grande capacidade de vigilância epidemiológica e laboratorial das consequências que os acontecimentos dramáticos que estão a acontecer na Ucrânia podem ter em termos de pandemia”, alerta.
O conselheiro DGS e antigo responsável pelo gabinete de crise Covid da OM refere que neste momento estamos a caminhar para a diminuição progressiva do impacto da pandemia, mas considera que os acontecimentos na Ucrânia podem “ter alguma repercussão em termos de recrudescimento de atividade e recrudescimento de novas variantes que nos obriguem a manter uma vigilância para esta situação”.
O especialista entende, por isso, que é necessário “criar todas as condições para receber o melhor possível as pessoas vindas da Ucrânia, que estão num dos momentos mais difíceis da vida delas” e, nesse sentido, Portugal tem o dever de os ajudar.
“Também temos o dever de perceber que estas pessoas, muitas delas não estarão vacinadas ou não estarão nas condições de melhor capacidade de resposta imunitária. Podem criar surtos que nos obriguem nomeadamente a tomar medidas de prudência”, acrescenta o especialista.
Segundo Filipe Froes, as medidas de precaução devem contemplar a realização de testes e a vacinação dos mais vulneráveis, “para evitar o ressurgimento de casos associados à nova pandemia”.
Portugal assinala esta quarta-feira dois anos da confirmação do primeiro caso de Covid-19.
Segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS), Portugal registou na terça-feira mais 23 mortes e 11 mil novos casos de Covid-19.
Nos hospitais portugueses estavam internadas, em enfermarias e cuidados intensivos, 1.358 pessoas com Covid-19, menos 120 em comparação com o dia de segunda-feira.