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Pandemia provocada pela Covid-19 faz dois anos. O que podemos esperar?

11 mar, 2022 - 09:00 • Anabela Góis

Provocou mais de seis milhões de mortes em todo o mundo e mais de 440 milhões de casos, embora a OMS acredite que o verdadeiro número de casos pode ser duas ou três vezes superior à contagem oficial. Dois anos depois, o Boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde deixa de ser diário e passa a ser semanal.

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A Covid-19, detetada em dezembro de 2019 na China, foi declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma pandemia há dois anos, em 11 de março de 2020.

Agora, os especialistas já admitem uma possível sexta vaga em Portugal.

Os casos de Covid-19 estão a aumentar assim tanto?

Em termos absolutos, não. Na quinta-feira houve perto de 12.800 casos, mas estão a aumentar, ao contrário do que se esperava, porque as últimas semanas foram de descida e tudo levava a crer que essa tendência ia manter-se. A análise feita pelo Instituto Superior Técnico mostra que a taxa de transmissibilidade - o R - já voltou a estar acima de um (cada infetado contagia em média mais do que uma pessoa) e é, neste momento, de 1,09 e a tendência é para subir em todas as regiões do país, com exceção dos Açores, onde está estável.

O grupo de acompanhamento da pandemia do IST diz que esta subida pode resultar numa nova vaga, seria a sexta e pode provocar o aumento dos internamentos em enfermaria e em UCI nos próximos dias.

Significa que já não vão ser levantadas as restrições no início do próximo mês?

É uma hipótese que não se pode descartar, embora, até agora, as indicações das autoridades de saúde sejam no sentido contrário. Aliás, o fim dos relatórios diários da DGS até é um sinal de que tudo se encaminha nesse sentido e ainda esta semana a ministra da Saúde disse que estamos em condições de cumprir o que estava programado, de aliviar as restrições a 3 de abril. Marta Temido reconhece que há um aumento de casos, mas diz que o crescimento está controlado do ponto de vista de recursos.

Mas há quem não concorde com esta previsão, não só porque a grande movimentação de pessoas provocada pela guerra da Ucrânia é um novo fator na equação, mas, também, porque a nova linhagem da variante Ómicron - que já é dominante em Portugal - veio alterar as contas.

É essa nova linhagem que está a fazer subir os casos?

Nesta altura ainda se está a sentir os efeitos do último levantamento de restrições, há três semanas, e dos contactos sociais no período do Carnaval. Em Torres Vedras, por exemplo, os casos de Covid-19 mais do que duplicaram. Depois dos festejos carnavalescos passaram de 121 para 292.

Mas, de facto, esta nova linhagem da Ómicron - designada BA.2 - é mais contagiosa do que a anterior BA.1 e já é responsável por mais de três quartos das novas infeções em Portugal, sendo que a esta maior capacidade de disseminação parece mostrar um risco acrescido de reinfeção.

Mas a maioria da população está vacinada e há muita gente com 3.ª dose...

É isso que está a conter os contágios. Isso e o facto de uma 1ª infeção conferir alguma imunidade ao vírus, mas, como se sabe a vacina, embora seja muito eficaz a controlar o risco de doença grave, não evita totalmente os contágios. É permeável a algumas variantes mais contagiosas e vai perdendo eficácia ao longo do tempo.

De acordo com o indicador de avaliação da pandemia elaborado pelo Instituto Superior Técnico e pela Ordem dos Médicos, a letalidade dos idosos com mais de 80 anos está de novo a subir, o que revela uma redução da cobertura imunitária. Está agora em 3,1%.

Periocidade do Boletim da DGS vai mudar?

A partir de agora, a DGS passa a divulgar os dados epidemiológicos e de vacinação apenas à sexta-feira. O novo formato vai ter o número de casos confirmados e de óbitos acumulados a sete dias, bem como a ocupação hospitalar diária com a respetiva variação semanal. Serão também divulgados dados por região, idades, internamentos e mortes.

Já o boletim de vacinação vai incluir - como até agora - as doses iniciais, completas e reforço por idades, mas a sete dias e deixa de ter dados sobre vacinação para gripe.

Dois anos depois é o fim da pandemia?

A pandemia ainda não acabou. Há vários países com baixa taxa de vacinação e surtos e pode surgir uma nova variante mais letal e contagiosa.

Em dois anos a pandemia provocou mais de seis milhões de mortes em todo o mundo e mais de 440 milhões de casos, embora a OMS acredite que o verdadeiro número de casos pode ser duas ou três vezes superior à contagem oficial.

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