16 mar, 2022 - 22:48 • João Malheiro
O presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP) diz que um reforço dos recursos humanos dos serviços de saúde "era o ideal" para receber mais de 10 mil ucranianos que já chegaram a Portugal, desde o início da invasão russa.
"Temos um défice de profissionais crónico. Já para atender as pessoas que residem em Portugal têm algumas dificuldades e limitações", refere Gustavo Tato Borges, à Renascença.
"Idealmente, o reforço seria um ponto a ter em conta, para acompanhar estes refugiados e também a nossa população", acrescenta.
Não obstante estas dificuldades, o presidente da ANMSP acredita que Portugal "está preparado" para receber cidadãos ucranianos e pede a criação de um guião para uniformizar o atendidomento dos mesmos.
"Um cidadão refugiado tem de ser atentido no Porto da mesma forma que será atendido em Vila Real de S. António", exemplifica.
Gustavo Tato Borges indica que o guião também ajudará a orientar processos como rastreios a patologias e priorização de vacinas a inocular.
"Também será importante para perceber se cada unidade funcional tem de estar disponível com um médico ou se será tudo centralizado numa unidade específica", completa.
A secretária de Estado para a Integração e as Migrações disse que mais de um terço dos ucranianos até agora acolhidos no país são crianças dos 0 aos 13 anos.
Questionado sobre os desafios que esta faixa etária coloca, o presidente da ANMSP começa por mencionar "a atualização do estado vacinal" destes utentes.
"E é necessário fazer a vigilância habitual destas crianças no seu percurso de crescimento. É um esquema de acompanhamento muito importante de se fazer para garantir que as crianças estão saudáveis", indica, à Renascença.
Gustavo Tato Borges realça, ainda, que "acompanhando estas crianças estão as suas mães e temos um conjunto de mulheres com o seu conjunto de preocupações que também merecem vigilância, assim como muitos idosos que também terão os seus cuidados específicos".
"As pessoas vêm fragilizadas de um contexto de guerra e poderão precisar de um acompanhamento psicológico e seria muito interessante termos uma organização e uma estrutura de acompanhamento de saúde mental preparada", destaca, ainda.