24 mar, 2022 - 16:10 • Isabel Pacheco
José Miguel viajou de Boticas até Braga para participar na manifestação da Confederação Nacional de Agricultura (CNA). O produtor tem uma exploração agropecuária com 30 animais e reconhece que o ganho ao fim do mês já não cobre as despesas.
“Neste momento temos dificuldade em termos o rendimento suficiente para fazermos a manutenção. As questões da agricultura implicam despesas avultadas e nunca os custos de produção foram tão elevados como agora”, lamenta o agricultor.
O aumento dos preços verifica-se em todos os fatores de produção na agricultura. “Está tudo muito caro”, atira Joaquim Lopes, agricultor de Vila Pouca de Aguiar que admite não vir semear a próxima colheita.
“Uma das minhas dificuldades é o preço do combustível, mas, também, as sementeiras que estão muito caras. Ao preço que está o adubo e os cereais não vamos fazer produção”, remata o agricultor que tem uma exploração agropecuária com 280 animais.
Produtores da maçã de Alcobaça e da pera-rocha cer(...)
Vitor Rodrigues, da Confederação Nacional de Agricultura, fala em “asfixia dos pequenos e médios agricultores” e pede ao Governo medidas de apoio urgentes para o setor.
Em causa, explica o dirigente, estão as “graves subidas dos fatores de produção, em particular, dos combustíveis”. Uma situação que se agravou com a seca e com as “incertezas levantadas com a guerra na Europa”, conta Vitor Rodrigues.
Os agricultores pedem, por isso, medidas que travem a subida de preços. Entre elas, a “regulamentação dos preços dos fatores de produção”, aponta.
“Desde logo, mais do que descer alguns impostos sobre o combustível é necessário regular o seu preço, mesmo, que de forma extraordinária”, pede Vitor Rodrigues. “É também preciso intervir no mercado dos fatores de produção como os fertilizantes, as sementes ou as peças para máquinas de forma a garantir que os agricultores continuem a produzir”, acrescenta.
Produtores falam na pior crise de sempre e admitem(...)
A Confederação Nacional de Agricultura admite ter “baixas expetativas” na recondução de Maria do Céu Antunes como ministra da Agricultura.
Para Vitor Rodrigues, da direção da CNA, a manutenção da titular da pasta da Agricultura é sinal de que as políticas no setor não vão mudar.
“A confirmação de Maria do Céu Antunes é a confirmação de que não haverá alterações de fundo nas políticas no setor”, diz. “Não sei se será um sinal de que o setor da agricultura vai atravessar grandes dificuldades e que esta recondução foi uma solução de recurso, mas, de facto, as nossas expectativas são baixas”, admite.
António Costa apresentou, esta quarta-feira, os nomes que vão compor o XXIII governo constitucional que tomará posse a 30 de março. Maria do Céu Antunes, Ministra da Agricultura no anterior governo, é reconduzida como titular da pasta que passa a denominar-se Ministério da Agricultura e da Alimentação.