25 mar, 2022 - 19:56 • Teresa Paula Costa
Quarenta cidadãos ucranianos, que fugiram da guerra, foram acolhidos pela PSP de Leiria numa ação pioneira que visou facilitar a sua integração e mostrar que os polícias são amigos.
A ação começou nas imediações do estádio municipal de Leiria onde homens, mulheres e crianças, estão alojados.
Junto à porta 2 encontraram-se com a comitiva da PSP, que os acompanharia no elevador que os levaria até ao castelo. Na icónica fortificação, foram recebidos pelo “Falco”, a mascote da PSP nos eventos do programa Escola Segura.
Subiram depois para visitar o castelo, acompanhados da diretora, Isabel Brás, que lhes foi descrevendo a história e os acontecimentos que mais marcaram a vida do monumento e de quem o habitou.
Na ala real, foram surpreendidos pelo Quinteto de Metais da Banda da PSP, que lhes deu as boas-vindas com a canção “Uma Casa Portuguesa” celebrizada pela Amália Rodrigues.
Uma canção que traduz o espírito com que a PSP preparou a iniciativa: recebê-los com tudo o que os possa fazer sentir-se acolhidos e em segurança. Depois de um medley do filme “O Rei Leão”, os cidadãos ucranianos agradeceram o gesto, batendo as palmas e dizendo em português com sotaque: “Obrigado!”
Mas os agradecimentos não se ficariam por ali. A ação prosseguiu nas instalações do comando distrital da PSP de Leiria, alguns metros abaixo do castelo.
Ali, depois de um pequeno lanche, os adultos ucranianos participaram numa sessão de esclarecimento e sensibilização para com os cuidados a ter relativamente à segurança.
Segundo a intendente Mónica Rodrigues, a intenção foi “dar conselhos para reforçar a segurança pessoal, reduzindo o risco de serem vítimas do que quer que seja.” “Portugal é um país seguro”, salientou Mónica Rodrigues, mas “nem por isso podemos deixar de ter cuidados, porque a segurança começa em cada um de nós.”
Assim, foram dados conselhos sobre como proceder “na procura de uma casa e na procura de emprego”. Cuidados que todos devem ter em conta, mas que os ucranianos, também pelo facto de não dominarem a língua portuguesa, devem ter mais em conta, pois “nesta fase de integração, estão mais vulneráveis”, apontou a intendente Mónica Rodrigues.
Enquanto os adultos assistiam à sessão, os mais pequenos tiveram a oportunidade de se divertir num insuflável.
Outros puderam tomar contacto com os sinais de trânsito e conduzir uma bicicleta e carros a pedais. Uma forma de lhes incutir conceitos e princípios de segurança rodoviária.
Já os jovens adolescentes foram encaminhados para um pavilhão onde puderam conhecer os instrumentos que a PSP utiliza para investigar crimes.
Ali ficaram a conhecer formas e materiais que permitem à Polícia Técnica Forense descobrir impressões digitais, fluidos humanos e narcóticos.
Uma experiência que Yulya e Sofia, de 15 anos, não vão esquecer. As jovens afirmaram que a experiência as fez “sentirem-se polícias”.
Gostaram tanto que admitiram terem ficado com vontade de virem a ser polícias no futuro. Para já, o que é certo é que querem ficar em Portugal.
Também Olga Prevalova disse à Renascença estar emocionada com a iniciativa da PSP e todo o acolhimento que está a receber em Leiria. Porém, embora esteja no país com os três filhos e o marido, admite que ainda é cedo para pensar em ficar. O choque da guerra ainda não foi ultrapassado.
Esta ação de integração contou com a colaboração de vários ucranianos que se disponibilizaram para traduzir. Foi o caso de Constantin Dykiy, polícia músico que integra a Banda da PSP. Também Galina Ripko, bombeira da Corporação da Nazaré ajudou, assim como Svitlana Prebelyuk, empregada de limpeza na PSP.
O sucesso da ação foi tal que, no final, o comandante revelou que a PSP de Leiria não se vai ficar por aqui.
José Figueira anunciou à comitiva ucraniana que “vamos organizar na messe um jantar ou almoço ucraniano”, em que “eles se encarregarão de cozinhar um prato típico ucraniano e passarão os dias com os polícias”.
Esta “é uma forma de juntar a comunidade ucraniana sedeada em Leiria e de convivermos, para eles sentirem que estão em casa, que a Polícia é um amigo e que os acompanhará sempre”, frisou o comandante.
Esta ação de acolhimento e integração aos cidadãos ucranianos teve como objetivo “mostrar que a Polícia está aqui para os proteger, que temos sempre soluções para os problemas que eles possam vir a ter no seu processo de integração e que não os vai deixar abandonados”.
Por outro lado, foi uma forma de “desmistificar a questão da farda”, mostrando-lhes que “neste ponto da Europa, a Polícia tem uma grande proximidade com os cidadãos e que não há cidadãos de primeira nem de segunda, mas sim uma capacidade de integração de todos.”
Esta foi a primeira ação do género a realizar-se no país, acompanhando o exemplo de acolhimento demonstrado pela autarquia e demais instituições públicas e privadas ao disponibilizar o estádio municipal para acolher os refugiados.
No entanto, será replicada noutros distritos onde tenham sido acolhidos cidadãos ucranianos.