27 mar, 2022 - 16:12 • João Cunha , enviado da Renascença aos Açores
Meio-dia e a população residente na Calheta - em permanência ou temporariamente, devido à crise sismo-vulcânica que obrigou a sair de Velas – acompanha a missa na Igreja da vila.
No altar está o padre Manuel Santos, que também é responsável pela Santa Casa da Misericórdia, que com a Cáritas Diocesana, tem apoiado muitas mais pessoas que o habitual. Um apoio que "deve ter mais que duplicado".
Parte dos beneficiários desta ajuda são os idosos institucionalizados. E em relação a estes, o padre Manuel Santos está preocupado com o facto de os seus cuidadores começarem a mostrar sinais de cansaço.
"Estão a fazer turnos de 18 horas" de trabalho diário, "o que é agressivo. Nota-se que as pessoas que estão no campo", a cuidar dos idosos, "estão a ficar cansadas".
Durante a missa, há quem se emocione, face às privações dos últimos dias: deixaram tudo do lado de lá da ilha, em localidades como Velas, Rosais, Urzelina e Manadas, e não sabem quando voltam. Para já, estão com familiares e amigos na Calheta, onde o pavilhão desportivo da Escola Básica e Secundária já está ocupada com centenas de camas de campanha, colchões e mantas, para uma eventual necessidade de acomodar quem ainda resiste, nas zonas de risco.
O padre Manuel Santos revela o que lhe partilharam alguns fiéis, lá para a zona dos Rosais.
"Nós temo-nos reunido, todos os dias, a rezar o terço ao Divino Espírito Santo - a quem somos bastante devotos. E é o Espírito Santo que nos vale e acode na situação de sismos e de vulcões".
O centro de Informação sismovulcânica dos Açores revela que desde o início da cris sísmica, quase 200 abalos foram sentidos pela população. Entre as 22h00 de sábado e as 10 da manhã de domingo foram sentidos sete sismos.