08 abr, 2022 - 00:00 • Fátima Casanova , João Malheiro
A maior parte dos professores que dão formação aos novos docentes nunca puseram um pé nas escolas para ensinar alunos do ensino básico nem do secundário, segundo conclui um estudo do EDULOG - um think-thank da Fundação Belmiro de Azevedo -, divulgado esta sexta-feira.
A Fundação Belmiro de Azevedo analisou todos os 148 cursos e os 1.736 docentes que asseguram a formação inicial de professores e concluiu que quem está a formar os novos professores, tem falta de experiência a lecionar nas escolas.
"Estamos a ensinar aspetos muito teóricos, mas que depois, eventualmente, têm pouca ligação com a prática letiva", afirma David Justino, antigo ministro da Educação e atual membro do Conselho Consultivo do EDULOG, ouvido pela Renascença.
O social-democrata desafia, por isso, o Ministério da Educação, enquanto maior entidade empregadora, a traçar um perfil do professor que quer ter nas escolas, "para que as próprias escolas possam ajustar os seus currículos àquilo que é pretendido por parte do Ministério".
De uma coisa David Justino não tem dúvidas: é preciso "aumentar a qualidade da formação inicial de professores".
"A preocupação do EDULOG é, acima de tudo, contribuir, através de recomendações, para que se possa fazer melhor", acrescenta.
E uma das recomendações é que estes professores que dão formação aos novos docentes possam fazer investigação nas escolas para conhecer a realidade prática.
"A componente de investigação de uma parte destes professores que formam professores é praticamente inexistente. Era bom que se criassem condições para que pudessem desenvolver projetos de investigação ligados aos problemas e aos desafios que a aprendizagem e o ensino dia a dia vão enfrentando", conclui.