11 abr, 2022 - 15:24 • Redação, com Lusa
Uma das prioridades do Governo deve passar por ter médicos de família para todos os portugueses, defende o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães.
Esta foi uma das preocupações levada esta segunda-feira pela Ordem dos Médicos à ministra da Saúde, Marta Temido.
Numa altura em que cerca de 1,2 milhões de pessoas não têm médico de família, Miguel Guimarães defende que o Governo deve criar opções que possam colmatar este problema.
O bastonário aponta vários caminhos para que o problema da falta de médicos de família possa ser resolvido.
“A questão que se coloca, que será de decisão do Governo, é se, transitoriamente, enquanto o Governo não tem estes médicos de família no Serviço Nacional de Saúde, ativar as USF modelo C que já existem na legislação, ou fazer contratos com o setor privado e social no sentido de que todos os portugueses possam ter médico de família, é uma opção política e que pode ou não estar em cima da mesa, mas só a senhora ministra da Saúde e o Governo podem tomar essa decisão.”
Miguel Guimarães considerou positiva a reunião com a ministra da tutela, que decorreu no Ministério da Saúde, afirmando que o “diálogo é fundamental” no sentido de encontrar soluções para os problemas que existem.
“Saúdo este diálogo que a Ordem sempre quis porque somos da opinião que só falando, só conversando, só fazendo reflexões sobre aquilo que é importante para a saúde em Portugal” é que se concretizam objetivos e encontram “potenciais soluções” para os problemas, disse Miguel Guimarães no final da reunião com a equipa ministerial da Saúde.
Segundo Miguel Guimarães, muitas das intenções expressas no programa do Governo para a saúde exigem “orçamentos adequados”, considerando que “este é o momento-chave para que muitas, ou pelo menos uma parte” dessas intenções possam ser concretizadas.
Defendeu também ser o momento, aludindo à discussão do Orçamento do Estado para 2022, de se considerar a hipótese de existirem “orçamentos plurianuais na saúde, que pode ser importante, e até uma lei de meios” que permita responder de “forma mais adequada” às necessidades das populações.
A bastonária dos enfermeiros também foi hoje recebida por Marta Temido e saudou a “mudança de postura” da ministra da Saúde relativamente à comunicação com as ordens profissionais e pelo facto de as ouvir separadamente, porque os problemas e as matérias a negociar são diferentes.
Sobre o que foi discutido no encontro, Ana Rita Cavaco disse que lhes foi comunicado que era “uma primeira reunião de apresentação” para saber as prioridades do Orçamento do Estado, à qual se seguirão outras reuniões “periódicas e regulares” com enfoque na prestação de cuidados, nomeadamente o que os enfermeiros ainda podem potenciar em termos das suas competências.
“Um redesenho diferente com o foco nos cuidados de saúde primários, nos cuidados na comunidade e menos nos hospitais”, referiu, apontando também a questão da Rede Nacional de Cuidados Continuados e das estruturas residenciais para idosos.
A bastonária da Ordem dos Enfermeiros destacou o facto de a equipa ministerial da saúde receber as ordens profissionais individualmente “porque os problemas de cada profissão são diferentes e também aquilo que há para negociar é diferente”.
A bastonária deu como exemplo o internato da especialidade, uma matéria que os enfermeiros andam a tentar negociar há quatro anos.
Outra questão a debater são as medidas de fixação para os enfermeiros porque “a grande maioria, infelizmente, continua a emigrar todos os anos” devido aos problemas com as dotações seguras dos cuidados de enfermagem e de não haver o internato da especialidade.