14 abr, 2022 - 07:57 • Filipa Ribeiro , Fátima Casanova
A falta de água em Portugal está a levar a que várias entidade procurem soluções alternativas para obter água: umas passam pela dessalinização, outras pela filtragem de águas residuais, ou o reaproveitamento de águas das águas da chuva.
Segundo a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), os armazenamentos de água do passado mês de março, por bacia hidrográfica, apresentam níveis inferiores às médias de armazenamento deste mesmo mês nas últimas três décadas. A única exceção é a bacia do Mondego.
O anterior Governo colocou um travão à produção de energia em algumas barragens, a 1 de fevereiro para garantir água para o consumo humano.
Face a esta situação, que não é nova, e que tende a piorar, há quem tenha procurado alternativas. A cadeia de hotéis do grupo Pestana aproveita a água do mar, que depois de tratada é utilizada para limpezas e para regar os jardins dos hotéis.
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A solução foi pensada há mais de duas décadas com a primeira central de dessalinização construída no Algarve, uma necessidade para fazer face às dificuldades de abastecimento.
“Começámos a fazer a dessalinização por razões ambientais e de dificuldades de fornecimento público de água. Temos vários pontos onde fazemos a dessalinização. Em Portugal temos neste momento no Alvor, no Porto Sant,o e internacionalmente em Cabo Verde e em São Tomé unidades dessalinizadoras”, afirma Diogo Tamen, da comissão executiva do grupo Pestana.
A água do mar que é tratada não vai chegar às torneiras dos quartos dos hóspedes nem às cozinhas. Esta cadeia de hotéis também aproveita a água da chuva e as águas residuais nomeadamente para regar os campos de golfe.
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O setor agrícola é um dos maiores consumidores de água e uma das soluções pode passar pelo aproveitamento de águas residuais. No Alentejo, a ETAR da Vidigueira já está a testar vários projetos.
À Renascença o presidente da administração das Águas Públicas do Alentejo, Francisco Narciso, explica que a filtragem das águas residuais vai depender sempre do tipo de culturas a que se destina: "Regar uma alface é diferente de regar por gota a gota uma vinha, portanto é em função de tudo isso que depois definimos o tipo de tratamento".
De acordo com Francisco Narciso, todas as águas chamadas "urbanas" que resultam do uso doméstico podem ser reutilizadas para a rega das produções agrícolas.
Outra das soluções passa também pela criação de charcas. O Presidente da Administração das Águas Públicas do Alentejo diz que a acumulação das águas residuais com as águas das chuvas pode ser suficiente para dar resposta à falta de água na agricultura.
"A descarga em vez de ser pôr numa linha de água é feita para uma charca de uma produção agrícola. Aí são combinados os escoamentos naturais como a água da própria chuva para aumentar a resiliência por exemplo de produções que utilizam muita água como a de vinhos", acrescenta.
Por fim, aproveitar a água da chuva, há muito que se faz na freguesia de Mendiga, no concelho de Porto de Mós.
A recolha da água é feita aproveitando as lajes da encosta rochosa da serra, como diz Francisco Batista, presidente da união das freguesias de Arrimal e Mendiga: “Aquilo é uma encosta natural da serra, rochosa. As rochas foram limpas e impermeabilizadas e a água da chuva vem para uma vala mais abaixo. Depois é canalizada para os filtros e para os depósitos”.
Há dois depósitos, cada um com capacidade para um milhão de litros, e por ali a água nunca faltou.
Desde 1954 que assim é, os chamados Telhados de Água foram o único meio de abastecimento daquelas povoações serranas onde a rede pública só chegou há cerca de 30 anos.
Seca
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Ainda assim, o sistema continua em funcionamento. A qualidade da água é controlada pela Câmara de Porto de Mós. Segundo garantiu Francisco Batista, a água está disponível no fontanário para quem a quiser beber : “As pessoas podem encher água e levar para casa e tem uma pia grande onde os animais podem beber”.