19 abr, 2022 - 10:40 • Anabela Góis , Olímpia Mairos
Estão a aumentar os casos de inflamações graves no fígado em crianças com menos de seis anos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta sobre dezenas de casos em crianças, que relatados foram em vários países da Europa e nos Estados Unidos.
Para já não se conhece a causa da infeção e os casos não foram associados ao vírus da hepatite, mas em várias situações houve necessidade de transplante.
À Renascença, o diretor do programa nacional para as hepatites virais da DGS diz que as dúvidas são muitas. Os pediatras estão avisados, mas até agora, não há nenhum caso em Portugal.
“Em Portugal ainda não há, inclusivamente os colegas da pediatria estão de sobreaviso. O que se sabe é que houve casos notificados há três semanas no norte da Europa, Escócia, País de Gales e Espanha, em crianças muito pequeninas, entre os dois e os quatro anos, com inflamação no fígado”, indica Rui Tato Marinho.
O especialista refere que “não se sabe qual é a causa”, acrescentando que “as causas mais frequentes das hepatites que são os vírus A, B, C, D e E foram excluídas”.
“Há uns casos com outros vírus que nós já conhecemos, também há uns casos infetados com SarsCov2, mas também há muitas crianças sem Covid-19, por isso não se pode valorizar. Ainda não se sabe qual é a causa. O que se pensa é que é um vírus que, entre outras coisas, afeta o fígado e provoca uma inflamação no fígado. Pode ser um novo vírus. Está tudo em aberto”, diz.
A Direção-Geral da Saúde já está a acompanhar o alerta para esta espécie de hepatite atípica que foi lançado pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças e pela Organização Mundial da Saúde.
“Uma coisa que chama a atenção é o facto de terem surgido muitos casos em países diferente e há uma pequena percentagem de casos que não evoluíram bem, em que o fígado falhou mesmo e tiveram de fazer transplante hepático”, esclarece.
A origem desta infeção no fígado, que está a atingir dezenas de crianças pequenas, ainda não é conhecida. Daí a importância de os pais estarem atentos aos sinais de infeção.
“Não devem ficar alarmados, mas ficar atentos quando uma criança tem uma infeção que justifica uma ida ao médico, normalmente os pais são muito atentos à febre. Quando as crianças não estão bem devem fazer análises ao fígado... só por aí é que se vai conseguir saber se foi afetado ou não”, aconselha.
As hepatites agudas são raras nas crianças e estas infeções estão a preocupar os especialistas, porque em alguns casos houve necessidade de transplante hepático.