10 mai, 2022 - 10:35 • Filipa Ribeiro , Marta Grosso
O Hospital de São João, no Porto, registou o maior número de sempre de admissões nos serviços de urgência na segunda-feira. Segundo fonte hospitalar, foram admitidos 1.022 doentes, um número nunca antes alcançado.
As doenças respiratórias e infeções com Covid-19 estão a aumentar a procura pelas urgências, refere à Renascença o diretor do serviço de urgência do hospital, dizendo que a situação se tem complicado ao longo do tempo e, mais ainda, com o fim de algumas restrições.
Existe “uma disfunção crónica da rede urgência, da qual temos vindo a dar conta há já bastante tempo, a que se sobre impõe um pico de procura de doentes com queixas respiratórias e com Covid”, afirma.
“Toda esta mudança de estratégia que começou com o fim do uso de máscara, que obrigatoriamente se seguiria um aumento da incidência não está, do nosso ponto de vista, a ser acompanhado”, sublinha Nelson Pereira.
Do total de 1.022 admissões registadas na segunda-feira nas urgências, 137 foram relativas a situações não urgentes.
Diz Nelson Pereira que neste momento a linha SNS 24 está a enviar doentes para os hospitais em contínuo “por falta de opções de realização de testes, numa altura em que ainda se exige de alguma maneira que as pessoas façam testes para poderem depois ficar em casa e não trabalhar e ter as suas questões burocráticas resolvidas”.
O hospital tem, por isso, tido muita dificuldade em dar resposta aos doentes.
Secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sal(...)
Na opinião de Nelson Pereira, faz todo o sentido acabar com as taxas moderadoras para doentes não urgentes, mas é uma medida que não passa de uma gota no oceano.
O diretor do serviço de urgência do hospital de São João avança com outras sugestões complementares.
“É preciso claramente aumentar a literacia das pessoas, é preciso aumentar fundamentalmente a resposta dos cuidados de saúde primários ao doente agudo, é preciso regular o acesso, garantir de facto que quem vem ao serviço de urgência são as pessoas que mais precisam”, começa por apontar.
Nestas declarações à Renascença, acrescenta: “e é preciso qualificar os recursos humanos médicos, é preciso apostar definitivamente nos recursos humanos médicos, de forma a poder fixar as pessoas nos serviços de urgência para o fazerem com qualidade, com motivação e com disponibilidade, que é uma coisa que atualmente começa a desaparecer”.