10 mai, 2022 - 11:37 • Isabel Pacheco
O Hospital de Braga realizou, no ano de 2021, 12 milhões de euros em atividade não financiada pelo Governo. É o resultado de “mais consultas e cirurgias efetuadas para além do contratualizado”, explica à Renascença o presidente do conselho de administração, João Porfírio, defendendo a existência de orçamentos diferenciados segundo a produção da cada unidade hospitalar.
“Temos tetos de orçamento que nos limitam a atividade que, depois, não é financiada. O meu desejo é que o Orçamento do Estado permitisse pagar aos hospitais que podem executar mais produção”, revela João Porfírio.
O administrador lamenta também a falta de autonomia na gestão dos hospitais e dá o exemplo das limitações na hora de contratar médicos para o serviço de urgência. “As ferramentas vão sendo limitadas ao longo do tempo e, na prática, vamos ficando sem autonomia”, lamenta.
“Por exemplo: se quiser contratar um profissional para o serviço de urgência, só posso pagar o mesmo que a qualquer outro médico. A verdade é que não é comparável”, aponta.
Para o responsável, a remuneração dos profissionais é apenas uma das dificuldades do “problema” que são as urgências , onde se vai registando crescente afluência de casos menos urgentes.
Esta tendência, na perspetiva de João Porfírio, não se resolve com alterações no pagamento das taxas moderadoras, mas com a aposta nos cuidados de saúde primários e com a criação, por exemplo, de equipas dedicadas nas urgências.
A criação de equipas especializadas em medicina de urgência chegou a ser uma opção, lembra o responsável. “Hoje, pelas dificuldades de contratação de profissionais, estão praticamente todas a serem revertidas. Isto é uma consequência das muitas políticas dos últimos anos.”
“Temos de olhar para este problema de frente porque, nos últimos anos, praticamente nada mudou. Não temos tido capacidade de evoluir”, critica João Porfírio.
Com um dos serviços de urgência mais procurados no norte do país, o Hospital de Braga contabiliza, em média, 600 episódios de urgência por dia. Mais de metade são casos menos urgentes de pulseiras de cor verde e azul.