18 mai, 2022 - 17:18 • Diogo Camilo
Nos últimos sete dias, por cada 100 testes à Covid-19 realizados, quase metade revelaram-se positivos.
Numa altura em que o número de casos dispara e que Portugal sobe a líder mundial de incidência da pandemia, a taxa de positividade está nos 44,4% - 11 vezes acima do limite de risco de 4% definido pela DGS, o que sugere que o número de casos seja bem elevado ao que está a ser registado.
De acordo com dados divulgados pela Direção-Geral de Saúde, o número de testes realizados entre quarta-feira da semana passada e a última terça foi de 355 mil, muito superior ao das últimas semanas, mas, ainda assim, insuficiente face à quantidade de casos confirmados no mesmo período: 157 mil, um aumento de quase 60 mil em sete dias.
Esta terça-feira foi registada a maior proporção de testes positivos desde o início da pandemia: 47%, depois de quase 34 mil novos casos positivos confirmados a partir de cerca de 72 mil diagnósticos realizados.
No último relatório das “linhas vermelhas”, o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) dava conta de que a percentagem de testes positivos para SARS-CoV-2 estava, a 9 de maio, nos 41,6%, enquanto o número de testes realizados tinha baixado em relação à semana anterior: 265 mil, em comparação com os 316 mil realizados entre 26 de abril e 2 de maio.
Uma taxa de positividade a testes á Covid-19 não é nova de agora: a última vez que Portugal esteve abaixo dos 4%, o limite de risco definido pela DGS, foi a 24 de dezembro do ano passado, apontando o Natal como a data que deu início à quinta vaga que se prolongou até ao final de fevereiro.
No entanto, a subida deste indicador nas últimas semanas tem um denominador comum com a subida de casos: o fim da medida de uso obrigatório de máscara em espaços fechados, que entrou a vigor a 22 de abril. Nesse dia, a taxa de positividade a sete dias era então 22,3%, passando para os 44,4% em menos de um mês.
Quando Portugal estava no pico e a registar médias semanais de 55 mil novos casos por dia, a média de testes também era muito alta e rondou 300 mil testes por semana, mas a taxa de positividade nunca foi superior a 20%.
Agora, são confirmados um pouco menos de metade dos casos que na altura, mas Portugal faz seis vezes menos testes à Covid-19.
Outra das razões para a subida da taxa de positividade foi a redução do número de testes à Covid-19 feitos a partir de maio, altura em que os diagnósticos deixaram de ser comparticipados e em que Portugal começou novamente a subir os números de casos diários.
Na altura, o Ministério da Saúde alegou como motivo a “evolução positiva da situação epidemiológica de covid-19 em Portugal e a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde”.
A 30 de abril, o último dia em que testes estavam comparticipados, a média semanal de testes realizados era de quase 300 mil, passando para cerca de 250 mil uma semana depois.
Duas semanas depois, o Ministério da Saúde voltou atrás mas só em certa parte: a Linha SNS24 passou a prescrever testes de antigénio de forma automática a quem tenha um teste positivo. Com isto, o número de testes voltou a subir e está agora nos 355 mil testes realizados por semana.
Pandemia
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Esta quarta-feira, a presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF) manifestou disponibilidade para voltar a realizar despistes gratuitos à população, indicando ter sido registado um pico de procura de testes de Covid-19 nesta segunda-feira, quando foram realizados 17 mil.
“Na primeira semana [após o fim da comparticipação] houve uma diminuição na ordem dos 60% do número de testes efetuados nas farmácias. Nós tínhamos uma média de 25 mil, podendo chegar aos 30 mil dependente do dia da semana, e passámos a ter nove mil testes diários em média na primeira semana de maio”, avançou à agência Lusa Ema Paulino.
De acordo com a responsável da ANF, este serviço de testes rápidos de antigénio (TRAg) de uso profissional tem sido agora procurado maioritariamente por pessoas que apresentam sintomas de Covid-19.
“A perceção e os relatos que vamos tendo é que a positividade é grande, porque são as pessoas que já apresentam sintomas que mais se dirigem às farmácias para efetuar o teste“, afirmou Ema Paulino, que levanta a hipótese dos testes voltarem a ser gratuitos, seja através do regresso da modalidade de comparticipação pelo Serviço Nacional de Saúde, ou através do sistema em vigor de prescrição pela linha SNS 24.