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Lacerda Sales diz que Monkeypox "é uma doença de comportamentos de risco"

19 mai, 2022 - 21:05 • Lusa com redação

ILGA Portugal defende que “não faz qualquer sentido” relacionar a orientação sexual com o vírus Monkeypox ou qualquer outra doença.

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O secretário de Estado Adjunto da Saúde afirmou esta quinta-feira que o vírus Monkeypox é "uma doença de comportamentos de risco" e não de "grupos de risco", e que os casos confirmados em Portugal "estão todos estáveis".

Em declarações no Porto, à margem do 1.º Encontro de Investigação Clínica, António Lacerda Sales afirmou que o vírus Monkeypox "não é uma doença de grupos de risco", mas sim "uma doença de comportamentos de risco", à qual todos estão sujeitos.

O governante confirmou que os 14 casos da doença causada pelo vírus Monkeypox identificados até agora em Portugal "estão todos estáveis" e a serem seguidos.

"É uma doença autolimitada, ou seja, não tem ainda um tratamento específico", explicou o secretário de Estado, acrescentando que está a ser feita a monitorização "através da sequenciação e através do seguimento destes doentes".

O governante admitiu que se sabe ainda muito pouco acerca da doença e que é uma matéria que está em estudo.

Relacionar orientação sexual e Monkeypox "não faz qualquer sentido"

A ILGA Portugal (Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual, Trans e Intersexo) defende que “não faz qualquer sentido” relacionar a orientação sexual com o vírus Monkeypox ou qualquer outra doença, sublinhando que o foco tem de estar nos comportamentos.

“Não faz qualquer sentido relacionar a orientação sexual com esta doença ou com qualquer outra, o que nós temos de focar sempre é nos comportamentos”, defendeu a presidente da ILGA Portugal, em declarações à Lusa.

Ana Aresta sublinhou que “a ciência tem de ser a base” e sustentou que “não há qualquer correlação e não há nada que prove uma correlação” entre a transmissão do vírus Monkeypox e a orientação sexual das pessoas infetadas.

“Já não estamos nos anos 80 ou 90 em que de facto a desinformação contribuía para o estigma, já não estamos nesse momento”, referiu a responsável, lembrando a batalha por causa dos homens homossexuais que estavam impedidos de dar sangue e como, entretanto, isso foi desbloqueado.

Na quarta-feira, a diretora do Programa Nacional para as Infeções Sexualmente Transmissíveis e VIH confirmou que os cinco primeiros casos detetados em Portugal eram de “homens que têm sexo com homens”, apesar de admitir que esse dado pode ter a ver apenas com “a forma como foi dado o alerta”.

“Ainda não sabemos mais. Não está descrita, classicamente, a via de transmissão sexual [como passível de causar esta infeção], mas há transmissão por contacto próximo, íntimo e prolongado”, disse Margarida Tavares.

Para Ana Aresta, há “uma associação interesseira de dados que dizem que pessoas homossexuais testaram positivo” para a doença, destacando que também houve pessoas LGBTI a testarem positivo para a Covid-19 e que nunca se fez qualquer associação entre a doença e a orientação sexual, apesar de também a Covid-19 ser transmitida por fluidos corporais.

A presidente da ILGA defendeu, por isso, que a “forma como se comunica não poder ser leviana”, já que estão em causa grupos sociais “historicamente estigmatizados”.

Em Portugal foram contabilizados, até dia 18 de maio, 14 casos, estando a ser feitos pela Direção-Geral da Saúde inquéritos epidemiológicos para identificar cadeias de transmissão e potenciais novos casos.

O vírus Monkeypox é do género Ortopoxvírus (o mais conhecido deste género é o da varíola) e a doença é transmissível através de contacto com animais, ou ainda contacto próximo com pessoas infetadas ou com materiais contaminados.

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