23 mai, 2022 - 07:55 • Ana Carrilho
“Será, seguramente, um grande evento para Portugal. E um evento também com fortes impactos para a hotelaria e turismo, imediatos e futuros”, diz Bernardo Trindade, presidente da AHP – Associação de Hotelaria de Portugal – em entrevista à Renascença, sobre a Jornada Mundial da Juventude, que se realiza em Lisboa e Loures, de 1 a 6 de agosto do próximo ano.
Recentemente eleito para um mandato de dois anos, Bernardo Trindade justifica o “impacto imediato”, com a presença de 3.000 jornalistas, 800 bispos e cardeais, mais de um milhão de jovens.
“O que a história das Jornadas nos tem dito é que, depois, um quarto desses jovens, circula para conhecer o país. Este evento tão importante a vários níveis, não se confina ao espaço em que se realiza. Vai ser um momento importante para a afirmação de Portugal enquanto destino turístico e vai despertar o interesse de muita gente para visitas futuras”.
Um evento em que a Associação também já está envolvida. Através da plataforma on-line Click2Portugal.com, os associados da AHP registam-se e promovem as suas unidades hoteleiras. A reserva pode ser feita através do link para o site do hotel escolhido pelo cliente.
Bernardo Trindade sublinha ainda o facto da AHP estar a fazer uma parceria com uma entidade (Igreja) que, “pela sua credibilidade também ajuda na promoção de Portugal enquanto destino turístico de qualidade e seguro”.
A hotelaria das grandes cidades como Lisboa e Porto foi a que mais se ressentiu com a pandemia de COVID-19 e os confinamentos. Até 2019, Portugal foi conquistando a realização de vários congressos e eventos de nível mundial, com destaque mediático para o Websummit e que enchiam as unidades hoteleiras, especialmente das duas cidades e arredores. Significativo ao nível de receita também porque boa parte era agendada para as épocas baixa ou média, quebrando assim alguma sazonalidade.
O “turismo de eventos e negócios” foi ganhando cada vez mais peso, que a pandemia abateu. Agora, com o alívio das restrições, os webinars do período pandémico já dão lugar a encontros presenciais.
“Com a reabertura e com a redução das restrições, as pessoas voltaram a querer estar juntas, a poder tocar-se, a poderem dialogar de forma mais espontânea. E estamos a sentir, de facto, um regresso importante ao nível das reuniões e dos grupos nas nossas unidades, um pouco por todo o país. Esta evolução vai-se sentindo mês após mês, a confiança vai-se ganhando e nesse segmento também já se sente alguma recuperação”, diz Bernardo Trindade.
Para o hoteleiro, Portugal está a colher o fruto do trabalho feito até 2019 (e mesmo durante a pandemia) de requalificação do destino, preparação das infraestruturas e melhoria as unidades hoteleiras para receber estes segmentos de negócios, congressos e eventos.
A Páscoa foi boa e perspetiva-se um bom verão. Se (...)
Por princípio, contra a aplicação de taxas turísticas pelos municípios, a AHP acabou por aceitar e participar no processo de criação e decisão sobre a aplicação dos dinheiros provenientes da taxa, em Lisboa.
Começou por ser um 1 euro/dormida até ao máximo de 7 euros, em 2016. Em 2019, subiu para 2 euros. Este “2º euro” tem um objetivo muito concreto: a construção de um Centro de Congressos de grande dimensão e que traga mais estrangeiros a Lisboa.
A semana passada, durante o almoço da Associação em que foi o convidado, o presidente da autarquia foi questionado pelo antigo líder da AHP, Raúl Martins, sobre o assunto. Carlos Moedas respondeu que é uma questão para se ir tratando, mas que o Centro não vai ficar concluído neste seu mandato autárquico de quatro anos.
À Renascença, Bernardo Trindade, desdramatiza a questão, referindo que a AHP tem a noção que há um conjunto de intervenções que vão sendo feitas na cidade com o dinheiro do Fundo de Turismo (resultante da taxa) e que são muito importantes. Desde a higiene urbana, que se torna mais premente com mais gente em circulação, até às intervenções a nível de património, como aconteceu com a conclusão da ala do Palácio da Ajuda onde ficará instalado o Museu do Tesouro Real. “São investimentos que resultam do contributo dos nossos clientes. Porque nenhuma outra atividade contribui para a taxa turística como a hotelaria, em que quando o cliente faz o ‘check-out’, paga a taxa nas unidades hoteleiras”.
Mas a AHP vai continuar a acompanhar o dossier, a fazer propostas e sugestões até quanto à localização. “Porque entendemos que ele é fundamental para o futuro de Lisboa, nomeadamente para este segmento (de congressos). Vamos recordar sempre o Sr. Presidente desta importância”, garante Bernardo Trindade.