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Quadro permanente de praças? “Não serão a panaceia para a resolução de efetivos”

23 mai, 2022 - 07:37 • Liliana Monteiro

Associação Nacional de Sargentos (ANS) é recebida, pela primeira vez, pela nova ministra da Defesa. Alerta que sem revisão remuneratória dos postos mais baixos da carreira militar não se consegue atratividade e lembra que preenchimento do quadro de praças da Marinha fica sempre aquém do que é necessário.

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Promoções atrasadas, tabelas remuneratórias desatualizadas, carreira militar pouco atrativa, são algumas das questões que a Associação Nacional de Sargentos (ANS) vai abordar naquele que será o primeiro encontro com a nova ministra da Defesa.

O presidente Lima Coelho considera que há muito trabalho a fazer nas Forças Armadas, a começar pela motivação e cativação de militares.

"A motivação e atratividade têm forçosamente de passar pela revisão e pela atualização do regime remuneratório dos militares, particularmente nos postos mais baixos da carreira militar, praças e sargentos. Porque sem isso, diga-se o que se disser, não se consegue atratividade”, lembrando que há ainda um caminho a fazer para que surja o verdadeiro reconhecimento académico que, afirma, “continua a tardar para os sargentos das forças armadas”.

Durante a apresentação do Orçamento do Estado da Defesa a ministra Helena Carreiras anunciou um quadro permanente de praças para o Exército e Força Aérea. Lima Coelho lembra que na marinha o último concurso não teve candidatos suficientes, um cenário que não é único e que é preciso avaliar antes de se generalizar a medida.

Sem voluntários para suprir vagas

"Esta ideia dos quadros permanentes no Exército e Força Aérea não serão a panaceia para a resolução da dificuldade de efetivos particularmente nos praças. Temos um quadro permanente de praças na Marinha que tem as dificuldades que têm, não consegue voluntários para suprir as vagas que vão abrindo. É bom que se olhe para isso antes de novas aventuras que podem resultar em desencanto e frustração”, alerta Lima Coelho.

Fontes militares ouvidas pela Renascença revelam que os concursos para praças ficam sempre quem do pretendido entre os que se candidatam, os excluídos e os que desistem já em formação, o saldo fica muito abaixo das expectativas.

Nesta altura existirão cerca de 26 mil praças nos três ramos militares: Exército, Marinha e Força Aérea. Estarão em défice seis mil militares.

A marcar o arranque do mandato desta ministra está a autorização da promoção de 5. 800 militares que Lima Coelho considera que já vem tarde, alertando para o facto de ser necessário cumprir os prazos para que as promoções deste ano não sofram também elas atrasos.

Atrasos na atualização remuneratória provocam problemas sociais

"Temos a preocupação sempre presente das promoções que, diga-se o que se disser, continuam a estar atrasadas. As que começam a aparecer já deveriam ter sucedido, a resolução dos conselhos dos vários ramos já devia ter sido feita o ano passado para ter efeitos este ano. Porque decorre da lei que as listas de promoção devem ser homologadas e publicadas até 31 de dezembro do ano anterior àquele que dizem respeito e não é isso que vemos ano após ano”, acrescenta.

Lima Coelho explica que os atrasos na atualização remuneratória trazem problemas também eles sociais.

"Situação de camaradas que morrem antes de serem promovidos e a pensão das suas viúvas vai ser calculada com o posto que o militar tinha quando faleceu e não com o posto que deveria ter se o processo de promoções fosse corretamente exercido”, aponta o presidente da ANS.

O encontro entre a Associação Nacional de Sargentos e a ministra da Defesa está agendado para esta segunda feira ao final da tarde.

Comentários
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  • Cidadao
    23 mai, 2022 Lisboa 11:22
    Por algum lado tem de se começar a resolver o problema das Forças Desarmadas portuguesas. Já que se paga 2250 Milhões de euros para uma Defesa inexistente, ao menos que se pague 2250 milhões para uma Defesa Existente. Exceto o PCP e alguns comentadores e militares do lado do Putin, ninguém quer que este País seja outra Ucrânia, nem fazer parte do eixo "de Lisboa a Vladivostok"
  • Cidadao
    23 mai, 2022 Lisboa 09:13
    Ao contrário do inerte Cravinho, a nova ministra parece, parece, querer debruçar-se sobre os múltiplos problemas existentes. Espera-se é que não seja a tática costumeira de blá-blá, sem chegar a nenhum lado.

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