26 mai, 2022 - 17:56 • Teresa Paula Costa
O presidente da Associação Nacional de Gerontologia Social (ANGES) pediu, nesta quinta-feira, que seja criado um novo modelo de apoio aos idosos.
À margem do V Congresso sobre envelhecimento, que junta em Pombal centenas de agentes ligados ao setor social, Ricardo Pocinho disse à Renascença que uma das propostas do modelo que defende assenta no conceito “ageing in place”.
Trata-se de “criar grandes instituições abertas que possam nas pequenas aldeias ter os seus técnicos numa das suas habitações”. Cada idoso, em vez de estar no lar, estaria na sua própria habitação e “os cuidados que são prestados pela enfermeira em vez de ser em cada um dos quartos do lar seria em cada uma das casas dos idosos”.
“O serviço de refeições, em vez de ser levado a cada uma das mesas, seria levado a cada uma das mesas, mas em casa de cada um”, explica o professor adjunto da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Politécnico de Leiria.
No fundo, trata-se de envelhecer na sua própria casa, mas com todo o apoio que o idoso teria num lar.
O conceito evita que as pessoas sejam institucionalizadas já com problemas avançados de saúde e permite que, nalguns casos, os idosos não cheguem a precisar de institucionalização.
Outra proposta é a criação de instituições especializadas ”para pessoas só com demência, instituições para pessoas com problemas de mobilidade e instituições para pessoas que não sofrem nem de problemas de mobilidade nem nenhum tipo de demência”.
Neste caso, explica Ricardo Pocinho, “pouparíamos nos recursos” pois “não teríamos ‘funcionários de banda larga’ que têm de saber fazer quase tudo e muitas das vezes não conseguem intervir em quase nada porque não têm preparação técnica.”
O investigador defende também que o próprio Estado deve criar uma rede pública de instituições de apoio aos idosos.
Por outro lado, deve rever o modelo de financiamento das instituições privadas, introduzindo a possibilidade de intervir na sua gestão.
Já as autarquias deviam seguir o exemplo da de Pombal que, nesta quinta-feira, recebe a bandeira social da Anges.
A Câmara de Pombal recebe o galardão “por ter encontrado espaço livre nos horários das piscinas para os seus seniores, por ter encontrado uma forma de dinamizar um conjunto de atividades que são da responsabilidade da autarquia e que são disponíveis para todos independentemente dos seus recursos financeiros”.
Às famílias cabe também um papel determinante, defende Ricardo Pocinho.
Considerando que “os pais de hoje têm de ter consciência absoluta de que são os maiores obreiros da educação que os filhos podem ter”, o presidente da Anges destacou que “é possível dizermos aos nossos filhos que vivemos num mundo envelhecido e que tem de se poupar porque vão trabalhar mais anos”.
“Eles têm de entender que o trabalho por si só é uma forma de regozijo e de prazer e que deve permitir às pessoas viver, mas que elas têm de viver de acordo com as suas possibilidades“, frisou.
O Congresso da Associação Nacional de Gerontologia decorre em Pombal até sábado, com a presença de várias centenas de pessoas ligadas a instituições de apoio a idosos.