30 mai, 2022 - 08:00 • João Cunha
A Carris Metropolitana, a nova marca única e integrada dos transportes urbanos da área metropolitana de Lisboa, começa oficialmente a desenvolver a sua missão no transporte rodoviário urbano a partir de quarta-feira, numa das quatro áreas definidas pela Transportes Metropolitanos de Lisboa, a empresa pública agora responsável pela gestão dos transportes na região.
No caso, a "Área 4", abrange os concelhos de Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal.
A Carris Metropolitana será o único operador rodoviário presente, desaparecendo as marcas e empresas até aqui existentes.
A rede terá nova numeração nas cerca de 850 linhas, 160 delas novas, que vão percorrer perto de 14 mil paragens em novos horários com novas viaturas, todas amarelas.
Rui Lopo, da administração da Transportes Metropolitanos de Lisboa, admite que pode, de inicio, ser confusa a compreensão das mudanças pelos habituais utentes. Mas explica que está a ser feito "um esforço grande na informação", mesmo sabendo que "estas coisas têm sempre uma capacidade real de apreensão e de chegar ás pessoas muito mais reduzida do que a esperamos que aconteça".
Com vista á adaptação à nova realidade, a Transportes Metropolitanos de Lisboa lançou um “conversor" de linhas no seu site, a partir do qual os habituais utentes podem melhor perceber essas alterações à rede, onde surgem agora quatro tipologias de linhas que surgem agora em cores diferentes. E uma linha telefónica (210 418 800) para prestar informações aos utentes.
Ao todo, cerca de 400 mil pessoas vão utilizar a área 4 da rede da Carris Metropolitana. Daqui a um mês, a abertura das outras três redes permitirá servir aproximadamente 2,8 milhões de potenciais utilizadores.
Na nova rede da Carris Metropolitana, a Linha Próxima, de carreiras de proximidade, surge a azul. A vermelho, a Linha Longa, que diz respeito à maioria das carreiras com serviço regular e finalmente, a Linha Rápida, relativa a ligações diretas com passagem por autoestrada, que surgirá a amarelo. Há ainda o cor-de-rosa, para identificar a Linha Interregional, fora da área Metropolitana, a linha Praia, que surgirá a verde e a Linha Turística, a laranja, que serão ainda desenvolvidas.
A numeração das carreiras também sofre alterações, passando a ter quatro e não dois números.
O primeiro dos quatro dígitos refere-se à área de operação, o segundo à categoria da carreira (se é municipal, intermunicipal ou interregional) e os últimos dois dígitos correspondem ao número da linha.
Em matéria de títulos de transporte, também há mudanças no sentido da simplificação e uniformização.
"Passam a existir três tipos de opção: título linha próxima, linha longa e linha rápida, que se pode usar em modo pré comprado ou a bordo. E passamos de 903 títulos para três mais três: três comprados e três a bordo", destaca Rui Lopo.
Quanto à localização das atuais paragens, as mudanças são residuais.
"À escala da operação que estamos a falar, é muito baixa a percentagem de pessoas que são afetadas por alterações de paragens. Claro que, se afetar cem pessoas, são aquelas que se sentem prejudicadas. Mas essa avaliação só poderemos fazer a partir de dia 1". E a respetiva correção desta e de outras questões decorrerá da necessária adaptação a esta nova realidade", explica o administrador da Transportes Metropolitanos de Lisboa.
Houve contudo, em alguns casos, a necessidade de corrigir algumas situações, como "paragens em que as pessoas têm de atravessar uma estrada nacional para se sentarem em cima de um rail, porque é ali que está um poste a indicar a paragem". Neste caso, não há condições de segurança e "situações destas tiveram de ser corrigidas".
Quanto ao horários das linhas, serão os mesmos de hoje, mas com melhorias "na sincronia com os diferentes serviços". Exemplo disso, as cerca de 150 crianças do Montijo que estudam em Vendas Novas.
"Foi preciso garantir que têm uma carreira de autocarro, compatível com o horário da escola", realça Rui Lopo.
A entrada em funcionamento um mês antes do previsto de uma das áreas em que vai operar a Carris Metropolitana vai servir para antecipar conhecimento e antever correções e melhorias.
Mas Rui Lopo faz questão de sublinhar que "tem uma componente de teste e de piloto, mas tem objetivamente uma melhoria de serviço no mês antecipado, e as pessoas não devem entender que estão a ser cobaias de um serviço".
Esta antecipação vai também permitir avaliar e gerir eventuais falhas do operador.
"Essa é uma grande diferença que a Carris Metropolitana traz ao serviço de transportes. Vai gerir um contrato, obrigações contratuais, gerir falhas dos operadores, atrasos e carreiras que não são feitas", assinala.
Para isso, a Transportes Metropolitanos de Lisboa terá um sistema de monitorização em tempo real dos veículos, ainda a enfrentar dificuldades devido à falta de componentes disponíveis no mercado. O mesmo sistema dará informação aos cerca de 400 painéis informativos junto às paragens em locais com muita afluência.
Nos concelhos de Lisboa, Cascais e Barreiro, que têm já transportes municipais, a operação não será afetada.