03 jun, 2022 - 12:50 • Núria Melo
Para resolver o problema da grande dificuldade em classificar objetos no espaço, investigadores do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, no Porto, criaram um novo software de inteligência artificial.
Em entrevista à Renascença, Pedro Cunha explica que este projeto surgiu na altura da dissertação de mestrado. "Nós estávamos à procura de formas de utilizar a inteligência artificial na astronomia e surgiu o grande problema que é a classificação geral, em galáxias, estrelas e quasares", explica.
Através de uma série de técnicas e subtilezas de inteligência artificial, o investigador criou um novo software, o SHEEP, para melhor classificar os objetos no espaço.
"Antigamente nós tínhamos um telescópio muito mais pequeno, então o número de informação era muito mais reduzido", explica Pedro Cunha.
O Sagittarius A* fica a 27 mil anos luz do planeta(...)
"Agora, temos uma quantidade enorme de dados. Podemos estar a falar de cerca de 1TB de dados, a chegar todos os dias através dos novos telescópios, como por exemplo o James Webb", acrescenta o investigador.
Com o novo software de inteligência artificial, desenvolvido no Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, é agora mais rápido e de forma mais eficiente catalogar e classificar milhões de objetos na imensidão do universo.
Pedro Cunha lembra que, "como o universo se está a expandir, nós temos as distâncias cada vez a aumentar mais" e isso estava a dificultar o processo.
Através do SHEEP é possível uma visão "quase em três dimensões" do universo.
O Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço tem uma ligação forte com a Agência Espacial Europeia (ESA). O investigador está a contribuir para o Euclid, telescópio espacial que vai ser lançado em 2023.
Em declarações à Renascença, Pedro Cunha acrescenta que estes avanços estão a permitir "fazer ciência muito mais rápido".
O software estará disponível a todos os que queiram estudar melhor o universo. O investigador defende que a ciência deve estar ao dispor de todos.