08 jun, 2022 - 15:27 • Redação
Paula Rego, falecida esta quarta-feira, na sua casa, em Londres, aos 87 anos, foi uma das mais destacadas artistas plásticas portuguesas. Entre os medos, o inicio do percurso como pintora e o retrato de Jorge Sampaio, que "quase" a "matou", a Renascença destaca 12 frases da artista lisboeta, que passou grande parte da sua vida em Inglaterra.
"Para os desenhos da imaginação é preciso ter um assunto muito, muito forte para que consiga sair. Não é uma coisa que aconteça todos os dias. Tem que ser realmente com muita intenção e muita força. Quando a gente está a desenhar do modelo, há sempre a linha, o desenho segue porque se está a olhar. Mas quando a gente está a olhar para dentro, vê cá os bonecos e põe no papel dessa maneira, é muito mais difícil,"
"Pintar ajuda a descobrir as coisas. Não é uma carreira, é uma inspiração." - 15 de novembro de 2015, ao "The Guardian".
O Governo vai decretar luto nacional e a Câmara Mu(...)
"Fiz o meu primeiro desenho com nove anos, quando pintei a minha avó. Ela estava a coser e não sabia que eu a estava a pintar" - 20 de fevereiro de 2018, ao "The Guardian".
"Eu fazia um barulho enquanto desenhava, um gemido, que eu não reparava. A minha mãe sabia que eu estava contente a desenhar quando passava no meu quarto e me ouvia." - 20 de fevereiro de 2018, ao "The Guardian".
"Eu nem sabia o que era ser artista. Mas, por acaso, quando era miúda, havia um pintor que me estava a fazer o retrato, Monsieur Lemerce. Ele estava a pintar-me e eu a olhar para ele e só pensava assim. “Ai, eu sou capaz de fazer melhor!” - 4 de julho de 2016, ao "Expresso".
1935-2022
A artista "morreu calmamente em casa, junto dos fi(...)
"Não tenho bem a certeza de quando decidi ser artista. Eu desenhava para agradar a minha mãe, que estava a fazer um curso, por correspondência, no Reino Unido." - 15 de novembro de 2015, ao "The Guardian".
"A minha mãe costumava dizer que eu tinha medo de tudo, até das moscas. Tudo me assustava. Os meus pais compraram-me um cachorro para me fazer companhia, mas tinha tanto medo que não queria tocar-lhe. Ele acabou por atirar-se da janela e suicidar-se. Eu durmo com a luz acesa porque tenho medo do escuro, não gosto de aranhas, detesto estar sozinha e ainda tenho dias preenchidos de terror. Medo da morte e do diabo. Eu acredito no diabo. Ele entrou uma vez no meu quarto quando eu era pequena" - janeiro de 2016, ao "Notícias Magazine".
"O meu marido tinha alucinações e via o quadro que ia pintar. A mim nunca me aconteceu. Tenho tido sonhos horríveis mas não os pinto. Às vezes pinto as pessoas que detestava quando era pequena, como é o caso da minha professora, a dona Violeta."- 22 de maio de 2016, ao "Diário de Notícias".
A pintora morreu na manhã desta quarta-feira aos 8(...)
"Eu tinha uma professora, a Dona Violetta, que era particularmente rude, crítica e autoritária. Uma vez ela colocou uma chávena e um pires à minha frente e disse: "Desenha isso." Eu tentei, mas ela disse: "Queres ser um artista e nem sabes desenhar isto." Eu tinha oito anos. Ela aparece nos meus quadros como grotesca, sempre que preciso de uma mulher má. Pintar é um exercício de vingança, gentil ou violenta." - 15 de novembro de 2015, ao "The Guardian".
"Pintar o retrato do Presidente de Portugal, Jorge Sampaio, quase me matou. Nós começamos a trabalhar no estúdio do último rei de Portugal, que era um ótimo pintor. Foi muito difícil, as pessoas não paravam de entrar e de dizer: "O braço não está muito bem", ou, "o nariz dele não é assim". Eu estava alojada num hotel próximo e fui para a cama exausta. Ele [Jorge Sampaio] é um homem muito simpático, ainda somos amigos." - 20 de fevereiro de 2018, ao "The Guardian".
"Certamente, eu falarei com o senhor primeiro-mini(...)