13 jun, 2022 - 09:41 • Marta Grosso com redação
O presidente do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) apela ao Governo que deixe de fazer “propaganda” e que passe das palavras aos atos. Na opinião de Roque da Cunha, o Ministério das Saúde não tem dito a verdade sobre a real situação dos hospitais.
“Em vez de apresentar soluções, o Ministério da Saúde optou por dizer que as coisas estavam bem, que nunca houve tantos médicos no SNS, que estava tudo no melhor e quando a realidade se confronta com a propaganda, a realidade ganha sempre”, diz à Renascença.
Por isso, no dia em que a ministra da Saúde se vai reunir de emergência com o setor, na sequência dos vários encerramentos durante o fim de semana, o presidente do SIM diz esperar soluções e não encenações.
“Tem de se perceber que não é possível ter um médico especialista em 40 horas com um salário de 1.800 euros, que aliás perdeu cerca de 30% de poder de compra nos últimos anos. É essencial que nestas reuniões o Ministério da Saúde assuma que tem um problema e assuma que o quer resolver e que vai investir no Serviço Nacional de Saúde. Não estamos muito disponíveis para encenações”, sublinha.
Explicador
O fim de semana foi complicado em muitas unidades (...)
Depois da morte de um bebé no hospital das Caldas da Rainha por alegada falta de obstetras, no passado dia 9, e de um fim de semana prolongado marcado pelo encerramento de vários serviços hospitalares, a ministra da Saúde, Marta Temido, reúne-se de emergência nesta segunda-feira com as administrações regionais de saúde e a Ordem dos Médicos.
A Federação Nacional dos Médicos alerta para a multiplicidade de problemas que afetam o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e que levam muitos clínicos a deixar o setor público.
Por isso, das reuniões desta segunda-feira, a FNAM “esperaria que houvesse uma mudança de postura por parte dos Ministério em relação aos problemas de fundo que afetam o Serviço Nacional de Saúde”.
À Renascença, o sindicalista Noel Carrilho diz que olhar apenas a falta de médicos obstetras é uma “forma afunilada” de ver o problema, “que é só um dos múltiplos problemas, até do mesmo tipo, que existem a todo o momento no Serviço Nacional de Saúde, que labora no limite das suas capacidades e não é só na especialidade de ginecologia/obstetrícia, é em todas as especialidades”.
Esta situação é depois “evidente nas listas de espera, na falta de médicos de família, na incapacidade de responder à necessidade de exames complementares de diagnóstico”, conclui o representante da FNAM.
"São situações que se podem repetir noutros hospit(...)
Na opinião de Noel Carrilho, “ao longo destes governos, nada tem sido melhorado e, portanto, a consequência é esta: são médicos que abandonam o Serviço Nacional de Saúde, deixando-o desprovido de recursos para qualquer contingência que exista”.
Durante o fim de semana, foram vários os hospitais – sobretudo na região da Grande Lisboa, mas não só – que se viram obrigados a encerrar serviços de urgência, nomeadamente obstétrica, devido à falta de profissionais.
No domingo à noite, à margem das Marchas Populares de Lisboa, o Presidente da República justificou as dificuldades com o esforço prolongado a que os médicos têm sido sujeitos desde o início da pandemia de Covid-19, mas espera que estes problemas possam ser prevenidos no futuro.
“Há que prevenir para o futuro”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
Na perspetiva do Chefe de Estado, "as mini-ruturas(...)
[Notícia atualizada às 10h40 com declarações da FNAM]