21 jun, 2022 - 14:14 • Henrique Cunha
“Trezentos quilómetros não são problema”. D. Américo Aguiar, bispo auxiliar de Lisboa, é o primeiro provedor do doente do Hospital de São João, no Porto, e não encontra na distância um entrave.
Na cerimónia de apresentação do novo provedor, D. Américo Aguiar lembrou que “nos últimos anos nos convertemos à experiência digital, ou seja, é possível a atenção permanente à vida do Hospital”.
“Em combinação com o Hospital haverá momentos em que, pessoalmente, poderei estar e ouvir sem intermediários aquilo que possam ser os estados de alma, as dificuldades que as pessoas possam ter na chegada, e no atendimento, no tratamento, e depois na alta de cada um dos doentes”, afirma.
D. Américo Aguiar revela que “o namoro com o Hospital começou há já um ano” e manifesta a vontade de que a sua nova função não se limite à receção de queixas dos utentes. Tem a esperança de que “a provedoria não seja exclusivamente o marco de correio das coisas negativas, mas que seja acima de tudo uma oportunidade de escuta, uma oportunidade de encontro para melhorarmos tudo aquilo que fazemos, porque nós estamos cá para o mesmo, e que é colocar a pessoa no centro da nossa preocupação”.
Porto
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“O objetivo é que no final todos saiamos mais felizes, mais contentes e de preferência que o Hospital corresponda àquilo que são as expectativas das pessoas, porque nós quando estamos doentes, quando estamos fragilizados, qualquer incidente, qualquer demora, qualquer palavra menos simpática piora imediatamente o nosso estado”, reforçou.
Por isso, D. Américo entende que a sua “missão especial é ajudar a que a experiência do doente seja entre aspas positiva”.
Por outro lado, o bispo entende ser seu dever fazer “lobby positivo”, dando o exemplo do trabalho já desenvolvido para que a unidade possa ter uma ambulância para o serviço interno.
O provedor lembra que o Hospital de São João “é uma autêntica cidade” onde as distâncias, por vezes, causam “desconforto ao doente que precisa de passar de um a outro serviço”.
“Eu desafiei toda a família do Futebol Clube do Porto – os jogadores, os dirigentes, os atletas, os futebolistas – todos foram desafiados para, dentro de uns dias, fazermos chegar uma ambulância ao nosso hospital para corresponder aquilo que é tratamento devido, o tal carinho aos doentes que venham ao hospital” revelou.
“Cá está um trabalho que o provedor pode e deve fazer e vamos-lhe chamar de lobby positivo”, prosseguiu.
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O presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de São João sublinha o facto de D. Américo Aguiar ser capaz de “construir pontes e de ter também a capacidade de resolver problemas”, para se mostrar “muito feliz” pelo facto do bispo auxiliar de Lisboa ter aceitado o convite.
Fernando Araújo entende que, “nesta semana em que o Hospital está a celebrar 63 anos de existência”, mais do que olharmos “para a tecnologia, para inovação, temos que olhar acima de tudo para as pessoas”.
“E a questão de nomearmos um provedor do doente, o primeiro que o hospital tem na sua vida, é algo de simbólico, pois é alguém que pode escutar, que pode transmitir anseios ao conselho de administração, mas que simultaneamente nos pode ajudar a construir soluções, e D. Américo Aguiar tem esse espírito”, reforçou.