Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Agricultores da Guarda reclamam ajudas do Governo para novas captações de água

22 jun, 2022 - 12:10 • Lusa

Segundo previsões oficiais, 34% do país está em seca severa e 66% está em seca extrema.

A+ / A-

A Associação Distrital dos Agricultores da Guarda disse esta quarta-feira estar preocupada com a seca na região e apelou ao Governo para que ajude os agricultores na abertura de charcas, poços e furos, para alimentação de animais e rega de plantas.

"Se não chover, [o verão] vai ser complicado. Inclusive, o abeberamento dos animais tem que ser fornecido pelos produtores pecuários, pelos agricultores, porque as charcas e os cursos de água já estão secos desde maio. Não houve precipitação e continua a não haver e vem-se a agravar ainda mais a situação de seca nos solos e nos recursos hídricos", disse hoje à agência Lusa a presidente da Associação Distrital dos Agricultores da Guarda (ADAG).

Segundo Sandrina Monteiro, a situação para os agricultores da região "está bastante preocupante, quer na área agrícola propriamente dita, quer na área pecuária, porque está a comprometer a alimentação de inverno".

"[A seca] está a comprometer as pastagens, porque já estão secas e já não voltam a rebentar, e também o próprio abeberamento dos animais, porque não há recursos hídricos disponíveis nas pastagens para eles poderem satisfazer as necessidades em termos de água. E é mais um gasto que o agricultor tem que ter, que é o transporte da água para as parcelas onde estão os animais", disse.

Área agrícola vai diminuir

A dirigente adiantou que os associados têm contactado a associação para saber de ajudas para a criação de novos poços, furos e charcas, mas, este ano, o distrito da Guarda não foi contemplado nas candidaturas para este fim.

"Se a nossa agricultura já é muito difícil, já tem muitas despesas, se não tivermos estes recursos hídricos para podermos colmatar as necessidades de água para os animais e para as plantas, eu estou convencida de que a área agrícola vai diminuir ainda mais. É necessário haver (...) ajudas para novos recursos hídricos", alertou.

Na opinião de Sandrina Monteiro, "é crucial" que o Ministério da Agricultura "arranje ferramentas" para auxiliar os agricultores "a terem ajudas para fazer charcas, poços, furos, para poderem continuar com as suas explorações, porque, senão, vai ser muito complicado".

A responsável afirmou que este ano está a ser "dramático" para os agricultores da região da Guarda, uma vez que "o inverno foi muito seco e já não houve desenvolvimento das pastagens".

Produtores pecuários já esgotaram "stock"

"Os agricultores na área da pecuária esgotaram o "stock" e tiveram que fazer a compra de alimentos e, agora, [a situação] agravou-se com as culturas de inverno e não houve o desenvolvimento das culturas dos cereais", relatou.

A presidente da ADAG vaticinou que o ano agrícola "vai ser muito complicado" devido à seca, a que se juntam outros fatores, como os custos de produção, relacionados com os aumentos dos combustíveis e a aquisição das sementes.

Sandrina Monteiro indicou que alguns produtores pecuários "estão a pensar reduzir o efetivo, porque não têm maneira para alimentar os animais e o preço de venda não consegue colmatar as despesas que têm".

Segundo previsões oficiais, 34% do país está em seca severa e 66% está em seca extrema.

Dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera indicam que este ano é o mais seco de que há registo (desde 1931) e que só o ano de 2005 se aproximou da situação atual, pelo que a seca meteorológica e agrometeorológica "obriga a tomar medidas".


Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+